Análise Semanal do Mercado de Soja
Análise Semanal do Mercado de Soja
Prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
Emerson Juliano Lucca²
Nesta semana mais curta no Brasil, devido ao feriado de Corpus Christi na quinta-feira (07), o mercado internacional da soja registrou forte recuperação, fechando o dia 07/06 em US$ 14,28/bushel, após US$ 13,86 na véspera e US$ 13,40/bushel no dia 31/05. Portanto, Chicago voltou a romper o teto dos US$ 14,00/bushel, após cerca de três semanas abaixo do mesmo, com momentos em que as cotações chegaram a se aproximar dos US$ 13,00/bushel no primeiro mês.
O mercado passou a antecipar um possível recuo nos estoques e na produção dos EUA, para esta próxima safra, que poderá vir no relatório de oferta e demanda previsto para o próximo dia 12/06. Em alguns locais daquele país surgiram alguns problemas climáticos, ainda sem muita importância. Por outro lado, o principal fator foi a perda de valor do dólar, perante as moedas mundiais, a partir do anúncio de um possível plano de recuperação do sistema financeiro europeu, o qual permitiria encaminhar alguma solução mais duradoura para os problemas da Grécia e da Espanha.
Dito isso, as chuvas têm sido boas nas regiões produtoras estadunidenses, embora a volatilidade climática no mercado seja normal nessa época em Chicago. Assim, as oscilações de preços serão constantes até a colheita, em setembro/outubro próximos.
Enquanto isso, os registros de exportação de soja por parte dos EUA, na semana encerrada em 24/05, chegaram a 418.700 toneladas, contra 953.700 toneladas (número revisto) na semana anterior. No acumulado do ano comercial, iniciado em setembro/11, o volume chega a 36,14 milhões de toneladas, contra 41,56 milhões de toneladas um ano antes. Por sua vez, os embarques de soja, na semana encerrada em 31/05, ficaram em 461.700 toneladas, acumulando desde setembro/11 o total de 31,66 milhões, contra 38,05 milhões no mesmo período do ano anterior.
Por outro lado, o plantio de soja nos EUA avança rapidamente, tendo alcançado 94% da área no dia 03/06, contra 75% na média histórica nesta época. As condições das lavouras de soja, na mesma data, eram de 65% entre boas a excelentes, 29% regulares e apenas 6% entre ruins a muito ruins. No milho, as condições das lavouras atingiam 72% entre boas a excelentes, 23% regulares e 5% ruins a muito ruins. No trigo de inverno tinha-se 52% entre boas a excelentes, 30% regulares e 18% ruins a muito ruins. Enfim, o trigo de primavera ficava com 78% entre boas a excelentes, 20% regulares e somente 2% entre ruins a muito ruins.
Paralelamente, na Argentina, a colheita, no dia 31/05, chegou a 89% da área total, com a produção final se confirmando em apenas 39,9 milhões de toneladas devido as perdas com a seca no verão passado. No ano passado, nesta época, a colheita já atingia a 94% da área.
Ao mesmo tempo, a comercialização desta safra 2011/12 atingia a 57% na mesma data do 31/05, contra 49% no ano anterior. Os altos preços mundiais estão ajudando a uma venda mais rápida, pois a tendência é dos mesmos não se manterem nesses níveis na próxima colheita, caso a safra dos EUA venha a ser normal em 2012.
Pelo lado da demanda, a China deverá mesmo importar 60 milhões de toneladas de soja em 2012/13, aumentando em 3 milhões o volume que se registra no atual ano comercial. Até o final de abril/12 os chineses haviam importado 33,1 milhões de toneadas, ou seja, 12% acima do mesmo período do ano anterior. O aumento na produção de ração animal na China, devido a mudança nos hábitos alimentares de sua população, é o principal motivo desse avanço nas compras de soja.
Quanto aos prêmios nos portos, a primeira semana de junho fechou com os portos brasileiros, para junho, pagando entre 76 centavos e US$ 1,20/bushel. Já para abril/maio de 2013, Paranaguá (PR), por exemplo, está pagando apenas entre 3 e 8 centavos de dólar por bushel, contra 76 a 80 centavos neste momento. A queda nos prêmios futuros revela a expectativa de uma recuperação importante na safra brasileira, assim como um recuo nos preços mundiais da soja. No Golfo do México (EUA) o prêmio ficou entre 65 e 68 centavos de dólar por bushel, para junho, assim como em Rosário (Argentina), para o mesmo mês, os prêmios oscilaram entre 40 e 48 centavos por bushel.
No mercado brasileiro, os preços melhoraram um pouco no final da semana, na esteira da recuperação de Chicago e do Real ter voltado à casa dos R$ 2,04 por dólar. Assim, a média no balcão gaúcho fechou a semana em R$ 53,99/saco, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 62,00 e R$ 62,50/saco. Nas demais praças do país, os lotes variaram entre R$ 56,00/saco em Sapezal (MT) e R$ 62,50/saco no oeste e norte do Paraná. Na BM&F/Bovespa, o contrato para julho/13 fechou a semana em US$ 31,99/saco, enquanto o de setembro/12 ficou em US$ 30,74/saco. Já para maio/13 o valor ficou em US$ 27,20/saco.
Números praticamente finais da safra de soja brasileira dão conta de uma produção entre 65,9 e 66,3 milhões de toneladas, contra 74,4 milhões um ano antes. O Rio Grande do Sul teria ficado com uma produção de 6,2 milhões de toneladas, o Paraná com 10,9 milhões e o Mato Grosso com 21,5 milhões de toneladas. (cf. Safras & Mercado e Conab) Todavia, no Rio Grande do Sul, considerando as perdas pela baixa qualidade do grão colhido, a quebra estimada em 46%, foi bem maior, girando ao redor de 60%.
Nessas condições, o esmagamento de soja no Brasil, para 2012, está previsto em 36 milhões de toneladas, com recuo de 2% em relação ao ano anterior, enquanto as exportações somariam 29,3 milhões de toneladas do grão, com recuo de 13% em relação a 2011. (cf. Safras & Mercado)
Enfim, em termos de preços futuros o mercado continua muito interessante. No Rio Grande do Sul, no interior gaúcho houve interesse de compra, para maio/13, a R$ 54,50/saco. Em Goiás, indicações de compra, para março/13, a US$ 24,30/saco, enquanto na região de Brasília o valor ficou em R$ 48,00/saco. Em Uberlândia (MG), para abril/13, interesse de compra a R$ 51,50/saco em termos nominais. Em Barreiras (BA), para maio/13, a compra indicou valor de R$ 48,50/saco, no Maranhão R$ 47,00/saco e em Tocantins, o saco ficou cotado na compra a R$ 46,50 para abril/13.
No destaque, gráfico da variação de preços da soja e seus derivados no período de 11/05 a 07/06/2012.
¹ Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
² Economista, Analista e responsável técnico pelo Laboratório de Economia Aplicada e CEEMA vinculado ao DACEC/UNIJUÍ.
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