Açúcar tem tendência baixista de preço com alta na safra da Ásia e expectativas melhores com BR
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Entrevista com Maurício Muruci - Analista da Safras & Mercado sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
O preço do açúcar no mercado futuro tem tendência de baixa com o avanço da safra na Ásia e expectativa de melhora nas lavouras de cana-de-açúcar no Brasil, de acordo com o analista da Safra & Mercado Maurício Mucuri.
Segundo ele, ao olhar para o fundamentos, percebe-se uma safra da Ásia se desenvolvimento de forma positiva, com crescimento no volume de produção a cada quinzena. “É um detalhe que já vinhamos avisando nossos clientes desde de julho do ano passado, quando estavam se desenvolvendo as chuvas de monções [fenômeno climático que prova chuvas fortes e longas] lá na Ásia”, afirmou. “A colheita vai ter um volume muito grande, que pressiona os preços em NY. Está se desenvolvendo conforme o script”, completou o analista.
De acordo com o que apontou Mucuri, a Tailândia, entre a safra passada e a atual, tem um aumento de 8 para 12 milhões toneladas de açúcar, enquanto que a Índia tem crescimento de 30 para 35 milhões de toneladas. Esses países são os dois maiores players da Ásia no mercado de açúcar.
Ainda segundo o que destacou o analista, o mercado olha também para a entressafra no Centro-Sul do Brasil, com perspectivas de desenvolvimento e recuperação. “As chuvas observadas desde outubro tem se mantido acima da média em janeiro e deve continuar assim em fevereiro, o que deve levar um desenvolvimento, mesmo que parcial, dos canaviais do Centro-Sul, que no ano passado foram afetadas pela seca”, afirmou. Assim, tanto no curto quanto no médio prazo, a disponibilidade de oferta é maior tanto na Ásia quanto no Brasil.
Consumo de etanol
O analista também falou acerca do consumo de etanol no Brasil. Segundo ele, o consumidor, em grande escala, tem preferência para a gasolina. Os deslocamentos e viagens votaram a acontecer em ritmo normal no país, não mais no padrão de pandemia, porém a demanda que o biocombustível perdeu para a gasolina não voltou mais.
Por esse motivo, o mix das usinas deve crescer um pouco mais o açúcar. De acordo com os dados apresentados pela analista, a média da safra de 21/22 foi na faixa de 47% para açúcar e 53% para o etanol. Na safra 22/23, o açúcar deve ter 49% e o etanol deve ter 51%. “A demanda [de etanol] está no mínimo do mínimo, regrediu para o padrão de 10 anos atrás. É claro que as usinas não vão virar a chave de uma vez para o açúcar, até porque não querer pressão por parte do governo de queda na mistura, mas vão canalizar o que puderem para o açúcar”, declarou Mucuri.
Segundo ele, uma opção para provocar uma reação na demanda de etanol seria a redução do preço. “Os preços praticados atualmente não podem existir mais. Tem que derrubar o nível de competitividade do hidratado, que em São Paulo está oscilando entre 72% e 75%. Tem que derrubar o preço do etanol para baixo de R$ 3,80/l para ficar competitivo em relação à gasolina e retomar a demanda”. Contudo, para, essa é uma medida que dificilmente as usinas podem tomar, levando em conta que a inflação aumentou os custos de produção.
Estimativas da safra 22/23
Mucuri também apresentou algumas estimativas para a safra de 22/22, feitas no última mês de dezembro pela Safra & Mercado. Segundo ele, o Brasil deve colher 614 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, sendo 560 milhões no Centro-Sul, 51 milhões no Nordeste e 3 milhões na região Norte.
A estimativa é de que o Centro-Sul produza 35 milhões de toneladas de açúcar e exporte 33 milhões de toneladas. Com a nova safra devem sem produzidos 19 bilhões de litros de etanol hidratado e 12 bilhões de litros de anidro.
Ainda segundo a estimativa da empresa, a produção do anidro de milho deve ficar em 1,8 bilhões de litrose do hidratado deve chegar a 2,7 bilhões de litros. Ele citou novamente que mix das usinas deve ficar em 49% para o açúcar e 51% para o etanol. O esperado é que o ATR (Açúcar Total Recuperável) fique em 145 kg por tonelada de cana.