Açúcar: Apesar de nova cepa da Covid-19, mercado segue tendência de alta focado no balanço de oferta e demanda

Publicado em 30/11/2021 16:01 e atualizado em 01/12/2021 17:07
Mercado caiu para o patamar de US$ 18 c/lb nesta 6ª feira, seguindo o petróleo e outras commodities, mas ano-safra 2021/22 deve ser de déficit global, dando sustentação aos preços
Guilherme Bellotti - Gerente de consultoria Agro do Itaú BBA

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Entrevista com Guilherme Bellotti - Gerente de consultoria Agro do Itaú BBA sobre o Mercado do Açúcar e Etanol

Desde a semana passada, o mercado tem sido bastante influenciado pelas expectativas em relação aos desdobramentos da nova variante do coronavírus e seus impactos para o distensionamento social e, consequentemente, para o consumo de produtos de maneira geral. Essa precipitação tem provocado queda no preço do petróleo, que por sua vez faz com que as commodities como um todo percam força, e com o açúcar não é diferente. Mesmo assim, a tendência segue de alta, devido à oferta menor que a demanda.

Segundo Guilherme Bellotti, gerente de consultoria Agro do Itaú BBA, agora é importante observar que, a despeito de toda preocupação em relação à nova cepa do coronavírus sobre o mundo, o balanço de oferta e demanda do açúcar vai entrar em mais um ano de deficit global. Isso acaba servindo como um piso para as cotações internacionais. Por mais que os preços estejam variando, do ponto de vista fundamental, não há mudanças de cenário.

Do lado fundamental, o mercado agora vai se voltar para a evolução da safra na Ásia, com foco sobretudo na Índia e Tailândia. Nesses países, o excesso de chuvas tem prejudicado a velocidade da colheita, mas, por outro lado, pode contribuir com a produtividade do meio para fim da safra, como apontou o gerente.

Olhando para o Brasil, a expectativa é de que a moagem na próxima safra volte a se recuperar parcialmente, após as quedas da safra 21/22. Neste ano a safra final foi de 520 milhões de toneladas versus 605 milhões de tonadas da anterior. Para 22/23, o esperado pelo Itaú BBA é um volume em torno de 560 milhões de toneladas.

“Ainda serão percebidos reflexos da seca e das geadas sobre os canaviais, mas o fato é que tem chovido razoavelmente bem. Se prosseguir com boas receptações, a gente deve ter uma recuperação dos canaviais e esse aumento de moagem deve se consolidar”, afirmou Belloti. Mas mesmo com esse crescimento, a expectativa é que a produção não seja capaz de suprir toda a demanda mundial.

 

Etanol e mix das usinas

Em relação ao etanol, Bellotti chamou a atenção para o fato de que nos últimos 30 dias o preço perdeu quase R$ 0,30 com base no Cepea. De acordo com ele, isso aconteceu por causa da demanda tímida, já que o biocombustível não está competitivo em relação à gasolina. “Ao observar os números de consumo da ANP, há certa destruição da demanda pelo biocombustível”.

Mesmo assim, na próxima safra, com a combinação de alta no açúcar em reais e cotações firmes de petróleo, o esperado ainda são preços elevados do etanol. “Claro que preços menores do que os que estamos observando agora, mas razoavelmente elevados para a safra 22/23”, explicou.

Sobre o mix das usinas, por mais que os produtores optem um pouco mais pelo etanol no próximo ano, a preferência maior deve ser o açúcar. “É importante considerar que muita gente vem fixando preços do açúcar em patamares bem elevados. Por mais que seja esperado uma migração do açúcar para o etanol, o mix deve prosseguir bastante açucareiro”, afirmou Belloyti.

Segundo ele, o produtor que ainda não tem o destino travado vai ficar atento e vai seguir arbitrando entre açúcar e etanol. “Quando a gente olha a curva futura e combina ela com taxa de câmbio, os preços do etanol no Brasil ainda são firmes, mas inferiores aos equivalentes em açúcar. A gente acha que o mix vai migrar um pouco mais do açúcar para o álcool, mas, ainda assim, será mais açucareiro”, reforçou.

Por: Jhonatas Simião e Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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