Novas altas no açúcar não estão descartadas, apesar de quebra na safra de cana do BR já ter sido precificada
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Novas altas no açúcar não estão descartadas, apesar de quebra na safra de cana do BR já ter sido precificada
É consenso que a safra 2021/22 (abril-março) de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil será menor do que a anterior. Ainda assim, as estimativas para a nova temporada vão sendo traçadas conforme avança a moagem na região e segue atenção para as próximas semanas, já que chuvas são esperadas. Para a StoneX, a quebra na safra do Brasil parece já ter sido precificada no açúcar em Nova York, mas novos ganhos ainda não estão descartados.
“Para a gente ter um mercado mais altista, voltando ao patamar acima de US$ 18 c/lb, essa quebra no Centro-Sul teria que vir para próximo de 10%, ou algo nesse patamar, para efetivamente ter um impacto maior no mercado. Atualmente, a gente acredita que com os números que já foram divulgados, temos o mercado de certa forma já precificado”, disse ao Notícias Agrícolas Rodrigo Martini, consultor sênior em gerenciamento de risco da StoneX.
Apesar de uma moagem acima do que o mercado esperava na primeira quinzena de maio, segundo mês da safra nova, de acordo com dados reportados pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o analista destaca que, apesar de chuvas previstas para os próximos dias, houve muita irregularidade climática em áreas produtoras do Centro-Sul do Brasil, gerando uma ampla variedade de estimativas de safra no mercado.
“Nosso número de queda na moagem para a cana-de-açúcar ainda é um pouco conservador pelo que a gente tem visto. Tem regiões que reportam queda de até 13% em algumas usinas, mas o menor volume de chuvas não foi homogêneo no Centro-Sul. Às vezes, dentro de uma mesma região, temos unidades com uma produção relativamente estável, enquanto outras apresentam quebra mais acentuada”, explica Martini.
A StoneX atualizou nesta quinta-feira sua previsão de moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil para 568 milhões de toneladas como reflexo da estiagem no cinturão produtivo, o que representa uma queda de cerca de 6% no comparativo com a temporada anterior. O ATR (Açúcares Totais Recuperáveis) de cana é estimado na nova temporada pela consultoria em 141 quilos por t, com uma queda de 2,5% ante 2020/21.
A produção de açúcar deve ter uma redução de 7%, totalizando 35,7 milhões de t. Já o etanol tem a produção total apontada pela StoneX em 25,1 bilhões de litros, uma redução de quase 10% ante o último ciclo no Centro-Sul do Brasil. O mix de açúcar é apontado em 46,8%.
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A consultoria também apresentou ao mercado nesta quinta-feira sua primeira estimativa para a safra global 2021/22 (outubro-setembro) de açúcar, com impacto do Brasil, maior produtor e exportador do adoçante. A safra global do de açúcar é apontada em 190,1 milhões de t, quase 4% maior ante a última temporada, sendo que a demanda mundial deve ter um crescimento de 0,9%, para 188,4 milhões de t.
“O saldo global para o ciclo 2021/22 é de 1,7 milhão de t de superávit na nossa primeira estimativa, corrigindo os dois últimos anos que foram de déficit... Apesar da quebra no Centro-Sul, por outro lado, temos países com a Índia e a Tailândia com uma promessa boa de produção para o novo ciclo que começa em outubro. Então, a tendência é o mercado poder ter alguma resistência para movimento de alta mais expressivo”, destaca Martini.