Situação na Petrobras mexeu com expectativas de oferta e demanda do setor sucroenergético
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Entrevista com Maurício Muruci - Analista da Safras & Mercado sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
Depois de máximas de quase quatro anos nos últimos dias, o mercado do açúcar nas bolsas externas passou a cair nesta terça-feira (23) acompanhando os recentes desdobramentos na presidência da Petrobras, segundo o analista da Safras & Mercado, Maurício Muruci.
"A expectativa do mercado era de que a oferta de etanol hidratado iria crescer até o início dessa crise da Petrobras, agora, não se sabe se a oferta vai crescer e, se isso não ocorrer, poderá gerar maior disponibilidade de açúcar", disse Muruci em entrevista ao Notícias Agrícolas.
A estatal tem como novo indicado para a presidência o general Joaquim Silva e Luna, após tensões entre o governo e a antiga direção por conta da alta nos preços dos combustíveis.
Nos últimos dias, o açúcar bruto na Bolsa de Nova York atingiu máximas de quase quatro anos, se aproximando do patamar de US$ 19 c/lb. Segundo Muruci, além de expectativas com a oferta, o suporte também vinha de uma perspectiva de aumento da demanda e estoques baixos.
Exemplificando a demanda aquecida, as usinas no Brasil já fixaram volume recorde de 90% da estimativa de exportação de 34 milhões de t da Safras & Mercado na safra que será iniciada em abril no país, a 2021/22, e também de cerca de 50% da temporada 2022/23.
“Tivemos uma nova elevação nas fixações antes e no pós-feriado de Carnaval no país porque Nova York subiu bastante e o câmbio se desvalorizou. Só não aumentou mais na safra 2022/23 porque o etanol hidratado está muito alto e isso acabou freando as usinas nesse sentido”, destaca Muruci.
A Safras & Mercado espera a safra 2021/22 de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil em 605 milhões de toneladas e 53 milhões de t no Nordeste. A produção de açúcar no Centro-Sul é esperada em 40 milhões de t.