Prêmios no Brasil recuam ainda mais e, para analista, curva de preços da soja segue negativa ao longo de todo primeiro semestre
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Prêmios no Brasil recuam ainda mais e para analista, curva de preços da soja segue negativa ao longo de todo primeiro semestre
Enquanto o mercado da soja na Bolsa de Chicago inicia a semana na defensiva, principalmente esperando pelos novos números que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz em seu reporte mensal de oferta e demanda nesta terça-feira, 11 de abril, no Brasil as atenções do mercado da soja permanecem sobre os prêmios ainda em queda. De acordo com informações das consultorias privadas, como a Agrinvest Commodities, os valores renovaram suas mínimas históricas nesta segunda-feira (10).
"Na quinta-feira passada, os prêmios foram negociados a US$ 1,25 abaixo do contrato maio na Bolsa de Chicago e hoje os valores continuaram caindo", informou o time da Agrinvest.
A análise é compartilhada pelo consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting e pelo analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez, em entrevista ao Notícias Agrícolas no fechamento de mercado. Confira o vídeo acima!
A pressão sobre os prêmios tende a continuar, pelo menos, até o final de junho, mesmo com uma melhora do fluxo de escoamento da soja brasileira. "A soja está mais barata nos portos, mas no navio já não é bem assim", explica o especialista, lembrando que as filas nos portos ainda são grandes e têm custos de US$ 30 mil a US$ 50 mil por dia em que ficam parados à espera dos embarques.
Ainda assim, há dificuldades para o atendimento dos compradores, o que mantém o ritmo de novos negócios ainda tímido e contido, mesmo com os produtores brasileiros precisando avançar com algumas vendas.
"O mercado da soja, nesta nova semana, deve ter mais pressão de venda de produtores que necessitam de caixa para pagar dívidas que vencem nestes meses de abril e maio e, desta forma, podendo vir com mais vendas. E no mercado atual, que está pouco comprador, portos ainda lotados e câmbio fraco, ainda podem desenhar um cenário negativo para o mercado se confirmada esta nova onda de venda que pode aparecer", diz Brandalizze. "Nota-se que uma fatia dos produtores está tentando vender milho para fazer caixa e segurar a soja, mas isso também não resolve o problema do momento que é muita soja e pouca logística para tirar esta soja do mercado ou do país".
MERCADO BRASILEIRO X BOLSA DE CHICAGO
A semana também começou com pouco ímpeto para novos negócios com os preços na Bolsa de Chicago registrando um comportamento mais conservador depois de um final de semana prolongado e da espera pelo novo reporte do USDA. Os futuros da oleaginosa encerraram a sessão com baixas de 0,75 a 5,25 pontos entre os principais contratos, levando o maio a US$ 14,87 e o julho a US$ 14,61 por bushel.
Embora o mercado esteja bastante ansioso pela chegada do reporte do mês que vem, com as primeiras estimativas para a safra 2023/24, neste novo reporte as atenções estão voltadas, principalmente, para os estoques finais norte-americanos.
Os números atualizados sobre as safras da América do Sul também são aguardados com certa ansiedade para que o mercado possa compreender com qual oferta poderá contar, tanto de soja, quanto de milho, até que chegue a nova safra norte-americana em alguns meses.
Veja as expectativass completas para o boletim de abril:
Paralelamente, os traders permanecem atentos às condições de clima nos Estados Unidos e monitorando os mapas climáticos sinalizando um cenário melhor para o plantio no país a partir dos próximos dias, em especial com a elevação das temperaturas. Nesta segunda, um novo reporte semanal de acompanhamento de safras será reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e o mercado o aguarda com atenção.
Atenção também sobre o comportamento da demanda da China, a qual tem se mostrado mais forte e presente por milho e trigo, também exigindo monitoramento.
Do mesmo modo, o mercado acompanha também a conclusão da safra da América do Sul, buscando equilibrar a grande oferta vinda do Brasil e a quebra histórica da Argentina, que inicia nesta semana uma nova rodada de 'dólar soja' até o final de maio.