Soja segue pressionada no mercado brasileiro, mas produtor avança nos negócios por necessidade

Publicado em 27/03/2023 16:52
Segunda-feira foi de altas em Chicago, porém, sem força dos fundamentos e mais por correção técnica depois das perdas consecutivas e intensas. Além disso, ainda se prepara para chegada do novo boletim de intenção de plantio nos EUA pelo USDA - em 31 de março - e observa demanda chinesa que deve se intensificar nos portos do Brasil.
Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado

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Soja segue pressionada no mercado brasileiro, mas produtor avança nos negócios por necessidade

 

O mercado da soja fechou com boas altas na Bolsa de Chicago nesta segunda-feira (27), com os ganhos variando entre 14 e 15,75 pontos nos principais vencimentos. O maio foi a US$ 14,42 e o agosto a US$ 13,76 por bushel. Subiram forte também os futuros do óleo de soja na CBOT. 

Como explicou Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, o movimento refletiu uma correção dos preços depois das intensas e consecutivas perdas diante da grande safra brasileira - estimada pela consultoria em 152,5 milhões de toneladas - e já se preparando para duas novas possibilidades que poderiam vir a pesar ainda mais sobre as cotações. 

Entre elas, a normalização da demanda chinesa no Brasil - depois de volumes menores por conta dos problemas logísticos - e a chegada do novo reporte de intenção de plantio que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz nesta sexta-feira (31). A expectativa é de que a área venha maior ou pelo menos igual à registrada no ano passado, e os olhos dos traders estão cada vez mais voltados à safra 2023/24 dos EUA. 

Ademais, ainda nesta segunda, os embarques semanais ligeiramente acima do esperado divulgados pelo USDA - e 3% maiores no acumulado do que no mesmo período do ano passado - também deram suporte aos ganhos desta segunda. 

No Brasil, os preços seguem bastante pressionados, em especial pelos prêmios - ainda negativos nos embarques mais próximos - e, assim, a comercialização permanece bastante atrasada. Todavia, ainda como explicou Gutierrez, os produtores têm avançado um pouco mais com seus negócios nos últimos dias por necessidade. 

"Temos uma pressão negativa de preços e isso já está dado. E isso acaba tirando o vendedor da atividade. Mas, temos uma comercialização muito atrasada no Brasil, com cerca de 35%, quando já deveríamos ter mais de 50%. Então, é natural que o vendedor agora tenha maior necessidade de preços, porque ele vê sua margem achatando porque temos preços mais baixos, bem mais baixos que há algumas semanas, há alguns meses. Ele terá que vender mais soja, com relação a outros anos, em um momento pior, em um momento de uma grande safra, até porque ele não tem armazenagem para tudo isso", diz. 

Assim, o analista completa dizendo que "por mais que a queda dos preços retraia ele, ele tem que aparecer no mercado, está tendo que negociar e vemos o ritmo de negociação aumentar, mais por necessidade do que pela vontade do produtor. Embora o momento não seja favorável para a formação dos preços, o produtor está tendo que vender nos preços em que estamos vendo". E assim, esse atraso na comercialização pesa sobre os preços. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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