Chegada da soja brasileira tem potencial para derrubar mercado em Chicago a partir da próxima quinzena, alerta AgResource Brasil
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Chegada da soja brasileira tem potencial para derrubar mercado em Chicago a partir da próxima quinzena, alerta AgResource Brasil
A semana foi intensa, de baixas e altas consideráveis nos últimos dias, e encerrou o pregão desta sexta-feira (10) com ganhos expressivos na Bolsa de Chicago. Os contratos vão concluindo a sessão com altas de 18,25 a 24 pontos nos principais vencimentos, trazendo o março de volta aos US$ 15,43, o maio aos US$ 15,23 e o julho a US$ 15,22 por bushel. Com este avanço, na semana, tais posições acumulam ganhos de 0,65%, 0,52% e 0,40%, respectivamente.
O mercado teve dias bastante voláteis, marcado pela divulgação do novo - e bastante morno - boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unido) e, nesta sexta-feira, o apoio do trigo - que se apoiou nas notícias vindas da escalada do conflito entre Rússia e Ucânia, que estimulou ganhos entre as commodities agrícolas.
Como explicou o diretor da AgResource Brasil, Raphael Mandarino, o mercado registra essa valorização diante de um acumulado de fatores, incluindo a seca na Argentina - que segue tirando o potencial produtivo do país - além das preocupações que persistem sobre o atraso da colheita norte-americana, mesmo diante de um avanço expressivo que se deu nesta semana especificamente.
Assim, os fundos seguiram renovando suas posições de compra, aproveitando o momento. "E isso traz força às médias e fazendo com que a gente veja certo suporte em Chicago mesmo frente a esta safra recorde que iremos entregar a partir de 15 de fevereiro, chegando com uma quantidade bastante expressiva de soja para este mercado", explica Mandarino.
O executivo explica que essa chegada, na sequência, pode ser um fator importante de pressão sobre os futuros na CBOT, mesmo com os problemas que continuam a ser observados pontualmente, em algumas regiões. E mais do que isso, reforça que, ao lado disso, o mercado deverá manter seu foco sobre o desenvolvimento e a conclusão da safra da Argentina, que ainda seguirá tendo suas estimativas revisadas.
"A bola da vez é a América do Sul", diz o diretor da AgResource, que alerta que não só a chegada da nova oferta pesa sobre o mercado, como também a demanda que migra dos EUA para Brasil, diante de uma competitividade que deverá melhorar para os compradores mais a frente. Além disso, caso as chuvas se confirmem na Argentina - em volume e frequência - nas próximas semanas podem ajudar a, pelo menos, estancar as perdas na Argentina, poderiam também pesar sobre as cotações na CBOT.
MERCADO BRASILEIRO
No mercado brasileiro, as oportunidades ainda se apresentam, porém, de forma menos frequente. "O produtor teve várias oportunidades para trás, em especial com um câmbio melhor para fazer suas vendas, mas ainda temos um Chicago sustentado", explica Mandarino. "E o Brasil vem confirmando seu protagonismo, sua fatia de participação nessa recomposição da oferta".
Assim, o produtor no Brasil tem que ter atenção redobrada sobre os prêmios - que derreteram nas últimas semanas - e à volatilidade do dólar, ambos os fatores que tendem a seguir presentes no horizonte, exigindo uma participação mais efetiva, porém, sempre com estratégias adequadas à sua gestão.