Soja volta a ganhar fôlego em Chicago com reta final da colheita nos EUA e necessidade de compras da China; foco se volta para o clima no Brasil
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Soja volta a ganhar fôlego em Chicago com reta final da colheita nos EUA e necessidade de compras da China; foco se volta para o clima no Brasil
O mercado da soja conseguiu manter sua força e fechou o pregão desta terça-feira (25) com altas de 10 a 12,50 pontos nos principais vencimentos, levando o novembro a US$ 13,82 e o maio - referência para a safra brasileira - a US$ 14,09 por bushel. Os futuros do farelo de soja também se destacaram nesta sessão e fecharam mais um dia com boas altas, de mais de 1% entre as posições mais negociadas, levando o dezembro a US$ 415,60 por tonelada curta.
Como explicou o consultor em agronegócios, Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, as notícias baixistas já estão todas sobre a mesa - incluindo a colheita nos EUA, que alcança 80% da área, plantio na América do Sul e a macroeconomia - enquanto a demanda mostra certa robustez, o que tem sido um fator altista para os preços agora.
"Temos que lembrar que, olhando os dados históricos, a alimentação é o item mais resiliente à queda de preços durante a recessão. Não quer dizer que ela seja imune, mas é menos impactada. Quando olhamos isso, esses intervalos de preços que Chicago nos apresenta sinaliza que os produtores brasileiros terão mais oportunidades para travarem seus preços e fazerem margens. Porque mais importante do que acertar o preço é fazer boas margens", diz o consultor.
Chegando a algo entre US$ 13,60 e US$ 13,80, o mercado encontra pontos de compra, e de US$ 14,00 a US$ 14,20, pontos de venda. Isso vai mudar, ainda segundo Fernandes, de acordo com as mudanças climáticas que se apresentarem para o estado de Mato Grosso. "Qualquer adversidade nos fará ver o mercado em Chicago mais próximo das resistências. E os preços deverão trabalhar neste intervalo, pelo menos, até dezembro, quando iremos enxergar os mapas de clima para 30, 60 dias, importante para sabermos sobre a safra total da América do Sul", explica.
Fernandes destaca ainda a importância também do monitoramento de dois outros fatores externos que também deverão impactar diretamente não só a soja, mas as commodities de uma forma geral: o comportamento dos preços do petróleo e o futuro das taxas de juros nos Estados Unidos, este último em função de sua influência sobre o mercado cambial e o dólar frente ao real e, dessa forma, na composição de preços para a soja brasileira.
Assim, as incertezas que se acumulam sobre os mercados e frente ao sinais importantes que Chicago vem dando, ainda como afirma Ênio Fernandes, o produtor tem que estar atento não só aos melhores momentos de avançar com sua comercialização, mas também às estratégias que irá adotar para garantir um planejamento comercial eficiente. "Para quem tiver boa produtividade, o cenário será favorável".