Soja e milho têm dia negativo em Chicago por conta da alta dos juros nos EUA, mas mercado físico tem prêmios em alta e preços próximos dos US$16 para produtor americano

Publicado em 21/09/2022 17:28
Já o trigo pode ser mais explosivo com fundos em posições vendidas e do lado errado do mercado
Aaron Edwards - Consultor de Mercado da Roach Ag Marketing

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Soja e milho têm dia negativo em Chicago por conta da alta dos juros nos EUA, mas mercado físico tem prêmios em alta e preços próximos dos US$16 para produtor americano

Os futuros da soja terminaram o pregão desta quarta-feira (21) na Bolsa de Chicago no vermelho. Depois de muita volatilidade registrada ao longo do dia todo, os preços encerraram os negócios cedendo entre 16,25 e 17,50 pontos, levando o novembro a US$ 14,61 e o março a US$ 14,68 por bushel. Durante o dia, o mercado testou os dois lados da tabela. 

Como explica o consultor de mercado da Roach Ag Marketing, Aaron Edwards, os preços seguem mantidos em uma faixa de negociação já conhecida pelo mercado, porém, o recuo hoje foi intensificado pela alta da taxa de juros nos EUA, o que motivou os investidores e especuladores a deixarem suas posições nas commodities - com exceção de algumas delas, como o trigo - para buscarem ativos mais seguros, como o dólar, por exemplo. 

Até que passe a nova safra americana, os valores deverão continuar oscilando entre US$ 14,50 e US$ 14,80 por bushel e, ainda segundo o consultor, os produtores americanos ainda encontravam prêmios na casa de US$ 1,00 por bushel acima de Chicago, levando os preços a perto de US$ 16,00 para quem tem soja disponível, "o que evidencia que a demanda está disposta a pagar mais pelo produto do que se observa em Chicago", diz. "O mercado físico da soja diz isso. Preciso da soja, não do papel. Ainda serão necessárias duas safras cheias para tranquilizar o mercado".

Para as vendas da safra nova pelo produtor americano, Edwards afirma que os estoques que estão ainda sendo retidos foram "planejados", com ele tendo se programado para não fazer suas vendas em maiores volumes durante este período de safra. "Também por isso não temos tido os volumes maiores de vendas agora que geralmente fazem o mercado dar mais uma barrigada", afirma o consultor. 

Na outra ponta, ele acredita também que a demanda global pela soja é muito forte e que os atuais preços não a tem comprometido. "Existe uma demanda forte pelo grão. E tudo sinaliza que os compradores querem garantir seus estoques e ainda não garantiram suas posições. Hoje, o comprador está preocupado em ter grão até chegar a próxima safra". 

MERCADO BRASILEIRO

Apesar de mais tímida do que as baixas em Chicago, a alta do dólar frente ao real ajudou a segurar os preços no mercado brasileiro de soja, porém, os negócios foram bem pontuais e sem grande expressão. Por aqui, o mercado também estava esperando pelos juros americanos e seu impacto sobre o câmbio. A moeda americana encerrou o dia com R$ 5,17 e alta de 0,4%. 

Por: Aleksander Horta e Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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