Preços da soja tentam resistir apesar de fatores negativos do financeiro e das expectativas sobre a oferta; colheita americana vai intensificar pressão
Podcast
Preços da soja tentam resistir apesar de fatores negativos do financeiro e das expectativas sobre a oferta; colheita americana vai intensificar pressão
A semana foi agitada para o mercado da soja na Bolsa de Chicago, mas a sessão desta sexta-feira (16) vai terminando com oscilações tímidas entre os principais contratos negociados e baixas de 1,75 a 3 pontos nos principais contratos, levando o novembro a US$ 14,48 e o março a US$ 14,55 por bushel.
"Quando se olha o cenário agora, temos poucas notícias altistas e muitas notícias baixistas", explica Ênio Fernandes, consultor de mercado da Terra Agronegócios, reforçando a informação de que o mercado olha para todos estes vetores agora e busca definir uma direção.
Fernandes cita os movimentos de aversão ao risco - ainda muito frequentes dada toda a incerteza sobre o rumo da economia global - a proximidade da chegada efetiva da nova safra americana ao mercado com a colheita começando, o clima seco na Argetina postergando o plantio do milho, podendo puxar mais área para a soja a frente e o início do plantio no Brasil.
Todavia, explica que a soja ainda se segura em patamares importantes na CBOT com os estoques de soja muito apertados nos EUA. Ainda assim, afirma que o mercado ainda pode sentir alguma pressão com o avanço da colheita, mas até que chegue a cerca de 50% da área. "Depois essa pressão diminui", diz. E uma direção melhor definida das cotações será dependente também da produtividade média norte-americana.
Com essa possibilidade de nova baixa entre as cotações, Fernandes afirma que o produtor brasileiro que tem soja da safra velha na mão teria que avançar com seus negócios, principalmente porque mais a frente o interesse das esmagadoras do país deverá diminuir.
"A pouca disponibilidade de soja (inclusive por conta de menor qualidade do grão) e as margens apertadas no caso do óleo de soja limitam o interesse das indústrias. E onde houve uma perda mais robusta de safra, você (indústria) vai parar mais cedo para pensar na sua planta, e operar mais rápido para diminuir esse delay", explica o consultor.
Para a safra nova, o produtor do Brasil que fecha as contas e garante uma margem aceitável, "ele pode continuar fazendo seus hedges", mas ele têm que estar muito atento aos custos de produção, e eles são diferentes para cada produtor.