Financeiro nervoso e safra americana se consolidando fazem soja perder suporte importante dos US$14 em Chicago
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Financeiro nervoso e safra americana se consolidando fazem soja perder suporte importante dos US$14 em Chicago
Nesta quinta-feira, primeiro dia de setembro, os preços da soja registraram mais uma sessão de baixas intensas, encerrando com quase 30 pontos de perda na Bolsa de Chicago. Assim, novembro e janeiro perderam os US$ 14,00, ficando em US$ 13,94 e US$ 13,99 por bushel, respectivamente. "O mercado tem uma pressão fundamental e dá pra dizer que já esperada", disse o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
Agora, será importante acompanhar se estes níveis abaixo dos US$ 14,00 serão repetidos no pregão de amanhã ou se uma recuperação poderia estar se desenhando a diante.
Ele explica, relembrando inclusive os últimos números do Pro Farmer, que os EUA deverão colher uma safra recorde, de pouco mais de 123 milhões de toneladas e este é um número, para os EUA, que pesa sobre o mercado.
Mais do que as notícias do quadro fundamental, o sentimento de maior aversão ao risco frente a uma série de problemas pelos quais passa a economia global também ajudaram a pesar sobre os preços. "Temos ainda um dólar mais valorizado frente ao real e outras moedas então, naturalmente, o financeiro acabou pesando também e acentuou esse movimento negativo", complementa o analista.
Assim, como explica Gutierrez, o mercado seguirá monitorando as estimativas, a conclusão das lavouras, a confirmação da safra e, na sequência, o início da colheita, que poderia exercer mais pressão sobre as cotações da oleaginosa, podendo provocar mais uma barrigada do mercado.
MERCADO BRASILEIRO
O impacto das baixas da soja em Chicago não tem sido tão agressivo nos últimos dias para a formação dos preços no Brasil, como afirma o especialista. "Talvez um pouco mais no início da semana, quando o dólar ainda não tinha se recuperado", diz. "Mas, como tivemos uma compensação do câmbio e também dos prêmios, a faixa de atuação não mudou muito".
E essas poucas mudanças foram ainda mais presentes, principalmente, para a soja disponível. Ainda segundo Gutierrez, os preços da safra nova podem sentir um pouco mais, "estão um pouco mais pressionados e é importante o produtor ficar atento à safra nova".
A comercialização da safra 2022/23 está mais lenta do que a média, estando entre 19 e 20%, aproximadamente, contra 25% do que se registrava em períodos semelhantes a de anos anteriores.
"É importante o produtor ficar atento e aproveitar momentos que o mercado oferece para ele porque, em se confirmando uma safra grande nos EUA e uma super safra na América do Sul, com um retomada das perdas que tivemos no último ano, Chicago pode sentir ainda mais lá na frente. Então, é importante aproveitar os momentos, travar custos, porque é possível que não vejamos um Chicago nos níveis que estamos vendo agora", detalha o analista da Safras.
A diferença grande entre a soja da safra velha com a safra nova - que chega a ser de até R$ 20,00/sc menor para 22/23 - faz com que o produtor fique mais reticente nas vendas. "Então, o produtor tem uma certa resistência em vender com um preço bem mais baixo do que ele tem hoje. O preço é uma coisa que segura ele. E há alguns meses houve dúvidas sobre a entrega de insumos, dúvida que acabou não se confirmando. Então, o que segura o produtor é, basicamente, só falta de interesse".
Assim, a orientação de Luiz Fernando Gutierrez é de que o produtor brasileiro foque em sua rentabilidade, e entenda que apesar da nova safra carregar a expectativa de uma menor margem de renda, ainda são remuneradores os atuais patamares de preços. "E é importante sempre vender de forma escalonada", diz.