Depois de perdas intensas, soja barata em Chicago atrai compradores que ainda se sentem inseguros com o tamanho da oferta nos EUA
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Depois de perdas intensas, soja barata atrai compradores que ainda se sentem inseguros com o tamanho da oferta nos EUA
A sexta-feira (8) foi de retomada mais uma vez e encerrou o pregão na Bolsa de Chicago com altas de 28 a 31,25 pontos nos principais vencimentos, levando o agosto a US$ 15,13 por bushel e o novembro com US$ 13,96 por bushel. O setembro voltou à casa dos US$ 14,00.
Como explica Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado, depois de um início de semana bem conturbado, com interferência forte do financeiro, e começando ainda digerindo os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) do último dia 30 de junho, o movimento de recuperação começou, com o mercado parecendo estar um pouco mais aliviado com o financeiro, mas também dando mais atenção às questões fundamentais.
"Do lado da oferta, houve uma importante redução do potencial produtivo americano, temos um relatório do USDA na próxima terça-feira que já deve trazer essa relação de produção frente a uma menor área por lá e isso pode trazer mudança de estoques. Temos alguns fatores de safra velha que podem pesar um pouquinho do lado contrário, mas como estamos no final deste ciclo não deve mudar muita coisa", explica.
Entre eles, Gutierrez destaca os recentes cancelamentos de compras da China fez nos EUA e rumores indicam que essas cargas teriam migrado para o Brasil. "Obviamente que uma diminuição da demanda chinesa pode trazer uma pressão negativa nos contratos da safra velha", detalha o analista.
"Mas o que mais importa agora é a safra nova, que ainda pode ser uma safra recorde, uma safra grande, tudo vai depender do clima (...) E o clima nas próximas duas semanas não é favorável", diz.
MERCADO BRASILEIRO
A comercialização da safra 2021/22 chega a 74,3%, com um avanço de 10 pontos percentuais durante o mês de junho. Segundo Gutierrez, há meses não se via um avanço tão expressivo e o movimento reflete um momento de preços ainda bons, que remuneram bem o produtor brasileiro.
"O produtor está apostando que o preço pode continuar firme, porque tivemos uma grande quebra no Brasil. Temos uma menor oferta de soja para o restante do ano, sabemos da briga entre mercado interno e exportação, isso se reflete em prêmios melhores. Então, acho que o produtor está 'se dando ao luxo' de segurar um pouco mais porque esses 75% vendeu em preços em alta ao longo do ano, e sua rentabilidade foi crescendo", explica.