Chicago encontra suporte na demanda pela soja americana e preços avançam; mas para Safras&Mercado movimento é exagerado

Publicado em 19/05/2022 16:56 e atualizado em 19/05/2022 17:43
Luiz Fernando Gutierrez explica que não falta demanda pela soja brasileira e que a restrição , na verdade, está na oferta
Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado

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Entrevista com Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado sobre o Fechamento de Mercado da Soja

A quinta-feira (19) foi de recuperação e boas altas para a soja na Bolsa de Chicago, com os futuros da oleaginosa terminando o dia com altas de 15 a 27,75 pontos nos principais vencimentos, levando o julho a US$ 16,90 e o agosto com US$ 16,30 por bushel. "O mercado está encontrando suporte na demanda pela soja americana", afirmou o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. "E isso se dá, principalmente, nos vencimentos mais curtos". 

As vendas semanais para exportação reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta, os números da safra 2021/22 vieram acima das expectativas do mercado, o que surpreendeu o mercado e ajudou no movimento positivo na CBOT. 

Na semana encerrada em 12 de maio, os EUA venderam 725,7 mil toneladas de soja 2021/22 e a maior parte se destina à China. O volume superou as expectativas do mercado de 150 mil a 500 mil toneladas. Em toda temporada, as vendas americanas somaram 59,208,2 milhões de toneladas, contra mais de 61 milhões do mesmo período do ano passado, mas já superando a última estimativas do USDA de 58,24 milhões. 

Da safra 2022/23, as vendas semanais de soja dos EUA foram de 149,5 mil toneladas, dentro do intervalo esperado de 50 mil a 600 mil toneladas. Destinos não revelados foram os principais compradores. 

E essa demanda mais forte pela soja dos Estados Unidos, em especial da safra velha, se choca com um corte nos estoques finais da oleaginosa norte-americanos feito pelo USDA em seu último reporte mensal de oferta e demanda. 

"Podemos considerar essa demanda algo incomum (pelo período em que tem se dado), mas não estamos em um ano de mercado comum. Vimos de uma quebra de safra muito grande, foi uma quebra histórica, então, quem pode compensar essa oferta é os EUA e isso faz com que seja natural. Incomum por um lado, mas no contextual, é algo normal", detalha Gutierrez. 

No Brasil, a comercialização tanto da safra atual, como da safra nova, estão mais lentas, com o produtor mais reticente ao efetivar novos negócios, esperando por momentos melhores que poderiam surgir mais a diante. Essa melhora poderia vir, não só de Chicago, mas também com os prêmios ainda firmes ou com oportunidades vindas do dólar, que permanece muito volátil. 

"Com essa menor oferta, temos uma briga forte pela soja e isso resulta em prêmios mais elevados, acima dos 100 pontos para todas as posições. E acredito que esse fator vai continuar ajudando o produtor brasileiro, principalmente mais para o final do ano, quando a soja vai ficar mais escassa e a briga deve ser mais forte", diz Gutierrez. 

Do mesmo modo, também tem que estar no horizonte e no radar do produtor brasileiro o desenvolvimento da safra nova dos Estados Unidos e os impactos que continuarão exercendo, em especial com o tamanho da área americana, sobre os preços em Chicago. 

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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