Alta da soja em Chicago não chega ao produtor brasileiro por conta da desvalorização de mais de 2% do dólar
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Entrevista com Ginaldo de Sousa - Diretor Geral do Grupo Labhoro sobre o Fechamento de Mercado da Soja
A força que os futuros da soja recuperaram na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (17) foi neutralizada pela baixa acentuada do dólar frente ao real neste pregão. A moeda americana cedeu 2,15% e fechou com R$ 4,94, enquanto os futuros da oleaginosa terminaram o dia subindo entre R$ 13,50 e 21,50 pontos nos principais contratos. Assim, o julho terminou o dia com US$ 16,78 e o agosto com US$ 16,24 por bushel.
Segundo explicou o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa, apesar dessa pressão promovida pelo câmbio, os preços ainda são remuneradores e oferecem boas oportunidades para o produtor brasileiro. Os portos, nesta terça, testaram entre R$ 196,00 e R$ 197,00 por saca nos pagamentos mais curtos, enquanto superaram os R$ 200,00 para os meses de junho e julho.
Os negócios, porém, foram tímidos e pouco avançaram. "Quando os preços começaram a ceder (por conta do dólar), os produtores tiraram o pé do acelerador", explicou Sousa. "É um excelente preço, o produtor não pode se queixar. Mas, evidentemente, Chicago ainda pode contribuir", completa.
MERCADO INTERNACIONAL
Mais cedo, as cotações testaram um movimento de correção e realização de lucros, mas na sequência voltaram a operar em campo positivo, acompanhando as altas de mais de 1% do trigo - que faz o mesmo caminho de retomada dos ganhos - bem como do óleo de soja.
"Está faltando diesel no norte dos EUA e também caminhões, reduzindo o suprimento de soja para as indústrias. Os basis da soja e do farelo estão subindo, puxando junto os futuros na CBOT", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities.
As novas altas do petróleo também contribuem.
Ainda como explica Vanin, o mercado hoje se mostra menos avesso ao risco, o que ajuda a promover não só uma alta das commodities, com uma baixa do dólar. A moeda americana cai não só frente ao real, mas diante de uma cesta de moedas.
Ao lado de todas essas variáveis, há ainda a safra 2022/23 dos Estados Unidos em andamento. Os traders permanecem muito atentos ao plantio norte-americano 2022/23, que segue lento e com números ainda distantes da média. De acordo com o reporte trazido pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final da tarde de ontem, a semeadura da soja foi concluída em 30% da área até este domingo (15), ligeiramente acima do índice esperado de 29% pelo mercado. Há uma semana eram 12%, no ano passado 58%, enquanto a média é de 39%.
O USDA informou ainda que 9% das lavouras de soja já germinaram, com um avanço em relação à semana anterior de 6 pontos percentuais. Em 2021 eram 19% e a média é de 12%.