Semana inicia com alta de mais de 20 pontos para a soja em Chicago, motivada pela elevação do óleo

Publicado em 21/03/2022 16:28 e atualizado em 21/03/2022 18:28
Intenção de plantio nos EUA e demanda chinesa são fundamentos importantes para serem monitorados
Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest

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Entrevista com Eduardo Vanin - Analista de Mercado da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja

O primeiro pregão da semana fechou com altas de mais de 20 pontos para os principais contratos da soja negociados na Bolsa de Chicago. Assim, nesta segunda-feira (21), o vencimento maio terminou o dia com US$ 16,91 - depois de testar novamente os US$ 17,00 - e o julho foi a US$ 16,72 por bushel. O mercado operou durante todo o dia com boas altas.

"Poderia dizer que a soja está na carona do petróleo", explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. "Isso acaba puxando os óleos vegetais, alta de mais de 3% no óleo de soja na Bolsa de Chicago, e dá aquela sustentação para a soja". 

Além do avanço do petróleo, o mercado de óleo também foi motivado pela oficialização do aumento das retenciones sobre não só o óleo, mas também o farelo de soja da Argentina, o que pode complicar ainda mais o quadro de oferta e demanda, que já está bastante ajustado. 

"Tivemos dois anos de La Niña, que acabaram trazendo uma quebra bastante acentuada na América do Sul - principalmente Brasil e Argentina - e também no Paraguai, e o Paraguai tem papel importante nisso já que fornece para o esmagamento da Argentina de 4,5 a quase 5 milhões de toneladas, e esse ano o número será bem menor. A Argentina já está esmagando menos, e com o aumento dessas retenciones vai acabar tirando mais competitividade da indústria. Porém, o governo pode estar fazendo isso vendo que as margens de esmagamento estão muito boas, e não precisariam dessa diferenciação", explica o especialista. 

Embora a soja tenha, ainda segundo Vanin, uma história própria apesar da continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia - a qual impacta, principalmente, os mercados de milho e trigo - o mercado acompanha como o movimento dos grãos poderia influenciar a decisão do produtor americano sobre a área 2022/23. 

"O papel do preço é comprar área. Se não for nos EUA, vai ser na América do Sul. E por aqui sabemos que, para a temporada 2022/23, a grande dificuldade vai ser o custo de produção e até a disponibilidade de fertilizantes. Temos uma série de barreiras para o aumento da área da soja", afirma o analista. Assim, os dados que serão reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no dia 31 de março sobre a área de plantio. Esses serão os dados observados pelo mercado até que uma nova revisão seja feita, somente em junho. 

A demanda chinesa também é monitorada, porém, seu ritmo um pouco mais lento já é acompanhado e entendido pelo mercado. 

MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, a semana começa com os negócios travados, principalmente dada a queda do dólar frente ao real nesta segunda-feira, que levou a moeda americana a perder o patamar dos R$ 5,00. Os preços cederam nos portos e não estimulam, portanto, novas vendas por parte dos produtores brasileiros. 

"Só que o produtor no Brasil tem que ficar muito atento, principalmente nos estados onde não houve quebra, já que as indústrias processadoras nestes estados já estão bem compradas. E quando elas fecharem essa janela de compra a precificação vai ser paridade de exportação, que hoje paga bem menos, em torno de R$ 7,00 a menos do que pagam as indústrias", explica Eduardo Vanin. 

 Os prêmios também caminham mais de lado neste momento, depois de já terem testado patamares bastante elevados. "Os prêmios estão estáveis nesta semana, mas as margens de originação estão bem negativas. Se o prêmio sobe muito, o Brasil fica caro. Se o prêmio cai demais, essa margem fica ainda mais negativa. Estamos preso em um nível de prêmios", afirma o analista.  

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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