Especulações da guerra reduzem e fundamentos ganham força na formação dos preços da soja

Publicado em 16/03/2022 17:48
Produção Argentina e plantio americano seguem no foco dos investidores
Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting

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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja

Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago terminaram o dia em queda nesta quarta-feira (16). As baixas entre os principais vencimentos foram de 7,75 a 9,75 pontos, com o maio cotado a US$ 16,49 e o julho com US$ 16,26 por bushel. Segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, volta a olhar para os seus fundamentos, vai se ajustando e começa a se atentar à possibilidade de um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.

Embora a normalidade não seja logo e rapidamente retomada, a possibilidade de um acordo entre os dois países deixar o mercado menos intenso, ameniza o sentimento de aversão ao risco e aos poucos isso vai sendo absorvido pelos traders, já que o mercado tende a se antecipar aos fatos. 

SAFRA DA ARGENTINA

Assim, o mercado deverá voltar seus olhos, ainda segundo Brandalizze, à conclusão da safra da Argentina - a qual poderia ficar entre 40 e 41 milhões de toneladas -, já na fase final, e com condições de clima que deverão permitir que tais números sejam alcançados. 

O que pode chamar mais atenção no país são os desdobramentos da possiblidade de um aumento das retenciones dos derivados de soja, que é o esperado para acontecer depois dessa suspensão temporária das exportações dos subprodutos anunciada nesta semana. Inclusive, se ventila no mercado um aumento que poderia aparecer, inclusive, na alíquota aplicada na soja em grão, atualmente em 33%, podendo chegar a 35%.

SAFRA DOS EUA

Aos poucos, o mercado vai também dando mais espaço no radar à safra 2022/23 dos EUA. Os traders ainda têm no horizonte os últimos números do Outlook Forum do USDA, que apontou um aumento da área destinada à soja em detrimento do milho. Para que isso se consolide, porém, como explica Brandalizze, os preços do milho teriam que estar abaixo dos US$ 6,00 e a soja mais próxima dos US$ 17,00. 

Relembre os números do fórum:

Assim, aos poucos o mercado vai buscando entender como se desenhará a nova temporada norte-americana, como essa área de plantio de fato será dividida. Caso haja de fato um aumento da área destinada à oleaginosa poderia haver certa pressão sobre as cotações futuras em Chicago. 

MERCADO BRASILEIRO

No Brasil, a semana tem registrado alguns bons negócios, com um ritmo melhor e podendo finalizar a semana com até quatro milhões de toneladas de soja. "E estamos no pico das exportações. De janeiro aos primeiros dias de março estamos com recorde histórico de exportação no complexo soja, trazendo divisas ao Brasil de US$ 9,1 bilhões", afirma o consultor. 

Os prêmios para o produto brasileiro têm variado entre 170 e 175 cents de dólar por bushel sobre os preços de Chicago, tendo recuado nos últimos dias, enquanto no mercado dos Estados Unidos variam de 190 a 200 cents. "Assim, nossa soja está mais barata e, assim, atraindo mais os compradores. A demanda, principalmente a chinesa, está vindo buscar mais soja aqui", completa.   

E mesmo com os preços no Brasil perdendo um pouco de força, os melhores momentos do dia testaram até R$ 219,00 por saca, mas terminaram a quarta-feria no intervalo de R$ 215,00 a R$ 217,00 por saca para a soja disponível, enquanto os indicativos para os meses do meio do ano têm variado de R$ 208,00 a R$ 211,00 por saca. Na semana passada, as cotações chegaram a bater nos R$ 220,00, base porto, mas perderam força desde que Chicago começou a recuar um pouco mais nesta semana.

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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