Cenários e fundamentos levam a uma soja com cotações recordes em 2022, mas produtor deve ter estratégias para aproveitar

Publicado em 10/03/2022 17:31 e atualizado em 10/03/2022 18:31
Se por um lado temos ótimos preços levando em conta Chicago + Prêmios, por outro temos a alta no custo de produção e a crise dos fertilizantes
Marcos Araújo - Analista da Agrinvest

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Entrevista com Marcos Araújo - Analista da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja

Os preços da soja voltaram a subir na bolsa de Chicago nesta quinta-feria (10), mantendo sua volatilidade ainda bastante aquecida e recuperando parte das baixas da sessão anterior. Como explicou o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, parte do suporte encontrado pelas cotações nesta sessão se deu com os bons dados trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) sobre as vendas semanais para exportação. 

O país vendeu 2,204,3 milhões de toneladas de soja da safra velha na semana encerrada em 3 de março, com a China se destacando o principal destino da oleaginosa norte-americana. O mercado esperava algo entre 900 mil e 1,7 milhão de toneladas. Já da safra 2022/23, foram vendidas 895 mil toneladas - contra projeções de 900 mil a 1,5 milhão de toneladas - e também com a nação asiática respondendo pela maior parte das compras. 

Além disso, Araújo explica ainda que os cortes nos estoques finais americanos e na safra brasileira pelo USDA em seu boletim mensal de oferta e demanda trazido nesta quarta (9), bem como nas safras sul-americanas também contribuíram. E complementando o quadro, os dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportados nesta quinta e estimando a safra brasileira ainda menor, em 122,8 milhões de toneladas, também ajudou no avanço dos futuros da oleaginosa. 

Altas dadas no mercado de derivados de soja, em especial para o óleo, também contribuem. O conflito entre Rússia e Ucrânia limita - assim como para os cereais - a oferta de óleo de girassol, uma vez que 80% da oferta deste produto é advinda do Leste Europeu, e exige dos demais subprodutos alternativos. 

Toda essa movimentação em Chicago, aliada aos altos prêmios no mercado brasileiro, resultam em preços elevados no país, que seguem renovando seus recordes históricos, tanto nos portos, quanto para a demanda interna. A grande questão agora é como o produtor de soja do Brasil vai alinhar estes indicativos a custos de produção tão elevados como são os esperados para a safra 2022/23. 

Para o analista, a possível redução na adubação esperada para a soja 2022/23 deverá limitar o teto produtivo da nova safra a algo próximo a 139 milhões de toneladas no país, o que será mais um ponto de atenção e precificação para o mercado da commodity. As relações entre a oferta e a demanda, afinal, já vinham desequilibradas e esse desequilíbrio se aprofundou ainda mais depois da quebra agressiva da temporada 2021/22 da América do Sul. 

Nas últimas semanas, as relações de troca para a soja da nova safra do Brasil explodiram com a puxada forte dos preços dos fertilizantes. 

Veja a entrevista do também analista da Agrinvest Commodities, Jeferson Souza, para o mercado de fertilizantes ao Notícias Agrícolas. 

Aos poucos, o mercado vai mudando a direção de suas atenções e olha para o início da temporada 2022/23 e o comportamento do produtor norte-americano. 

Para o analista, os preços da soja têm espaço para continuar subindo, contabilizando também toda a especulação climática para a nova safra norte-americana.

 

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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