"Soja da AMS tem maior corte produtivo da história da produção mundial", afirma Pátria Agronegócios

Publicado em 15/02/2022 17:29 e atualizado em 15/02/2022 18:24
Consultoria estima colheita brasileira em 122 milhões de toneladas, um dos menores números do mercado, intensificando preocupações em torno das relações de estoque x consumo mais apertadas em mais de duas décadas. Produtor brasileiro terá boas oportunidades, porém, precisará focar em garantir o uso de ferramentas de gestão e comercialização.
Cristiano Palavro e Matheus Pereira - Diretores da Pátria Agronegócios

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Entrevista Cristiano Palavro e Matheus Pereira - Diretores da Pátria Agronegócios sobre o fechamento do mercado da soja

 

A Pátria Agronegócios trouxe ao mercado sua nova estimativa para a safra 2021/22 de soja do Brasil em 122 milhões de toneladas. Trata-se de um dos menores números do mercado por consultorias privadas que foi atualizado depois de um tour de safra feito pela empresa não só em áreas brasileiras, mas também argentinas. A quebra sul-americana é um golpe duro na oferta mundial da oleaginosa, que aperta ainda mais as relações globais de estoque e consumo, reiterando a força dos fundamentos para o mercado da oleaginosa, apesar das consideráveis e pontuais baixas apresentadas pelo mercado em Chicago. 

"Nunca vi tanta escala de lavouras ruins ao longo da minha trajetória e nesses 7,5 mil quilômetros rodados entre Brasil e Argentina. O mercado estimava que a América do Sul como um todo produziria 205 milhões de toneladas. As estimativas mais recentes da Pátria têm cortes muito profundos também no Paraguai e na Argentina chegando a um número próximo de 165 milhões de toneladas para serem retiradas dos campos em 2022. Estamos tratando do maior corte produtivo da história da sojicultura mundial", afirma o diretor da Pátria, Matheus Pereira. 

Ele explica ainda que os números ainda podem apresentar alguns novos ajustes, já que mais perdas poderiam ser noticiadas no sul do Brasil e na Argentina, dadas condições muito adversas de clima que continuam a ser registradas, bem como no Paraguai.

Para Cristiano Palavro, também diretor da Pátria Agronegócios,  o mercado da soja ainda não precificou completamente as perdas na América do Sul, principalmente porque elas podem ser ainda mais agressivas. Todavia, as commodities - não só a soja - neste momento são influenciadas por fatores externos, com destaque para as questões geopolíticas, em especial as notícias vindas da Rússia nesta terça-feira, sinalizando um tom mais diplomático sobre suas relações com a Ucrânia. 

As informações pesaram sobre os mercados de commodities que subiram muito nos últimos dias, dando espaço às realizações de lucros, e levando os futuros da soja a terminarem o dia com perdas de quase 20 pontos nos principais contratos negociados na CBOT. O maio e o julho terminaram o pregão cotados a US$ 15,55 por bushel.

Assim, ainda de acordo com o executivo, essas baixas na soja - diante da manutenção dos fundamentos fortes e altistas - são, de fato, pontuais e apenas um momento de fôlego para que possam, na sequência retomar as altas. Ele afirma também que a demanda permanece firme e que terá de se ajustar a essa nova realidade de oferta, porém, sem cair de repente. 

"As exportações (do Brasil) vão cair, as margens de esmagamento nas origens - Brasil e Estados Unidos - estão boas, diferente do que se observa na China, então nosso mercado interno, nossas indústrias, que já vinham precificando nossa soja de forma mais agressiva agora serão até forçadas a isso porque o mercado precisa evitar que a gente mande toda a previsão inicial de soja pra fora e evite um desabastecimento. Porque seria muito mais caro as indústrias locais trazerem essa soja de fora do que pagar preços um pouco mais expressivos do que a exportação, garantindo assim, o grão aqui dentro. Então, sem dúvida, o primeiro impacto será sentido nas nossas exportações do que no processamento interno", diz. 

Assim, será importante também importante que o produtor brasileiro acompanhe o comportamento dos prêmios. Neste momento, como explica Matheus Pereira, os valores passam, no Brasil, por uma certa estagnação diante de uma demanda que tem se deslocado para os EUA frente às perdas e a pouca disponibilidade no mercado nacional.  Palavro complementa dizendo que "essa competividade Brasil x EUA tem que ser monitorada nesse direcionamento dos prêmios de exportação, especialmente no curto prazo". 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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