Soja: oferta indefinida na AMS, chuvas atrasando colheita e esmagadoras do Sul disputando soja do Norte no Brasil dão fôlego para novas altas

Publicado em 03/02/2022 17:47 e atualizado em 03/02/2022 18:44
Cotações da soja podem ser puxadas pelas altas em Chicago e pelos prêmios no Brasil
Mário Mariano Moraes Júnior - Diretor Comercial Agrosoya/Novo Rumo Commodities

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Entrevista com Mário Mariano Moraes Júnior - Diretor Comercial Agrosoya/Novo Rumo Commodities sobre o fechamento de mercado da soja


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Depois do rally dos últimos dias, o mercado da soja fechou o pregão desta quinta-feira (3) com estabilidade na Bolsa de Chicago, com tímidas variações entre as posições. O contrato maio encerrou o dia com US$ 15,47 e o julho, US$ 15,42 por bushel. 

Segundo o diretor comercial da Novo Rumo Corretora e da AgroSoya, Mário Mariano, a pouca oferta da América do Sul segue como o principal fator sendo monitorado pelo mercado, principalmente pela sua quebra na ordem de mais de 30  milhões de toneladas e pela sua importância de abastecimento de 55% da demanda global. 

E diante dessa quebra, o deslocamento da demanda para o mercado norte-americano é inevitável, já está acontecendo e se torna mais um fator importante de suporte para as cotações da oleaginosa na CBOT. 

Além do grão, o cenário se repete também para o complexo soja, em especial para o farelo de soja, uma vez que não tem muitos substitutos e tem um mercado que sente direta e intensamente a quebra de safra da Argentina, maior exportadora global do derivado. No caso do óleo de soja, os preços são 36% mais altos do que os do óleo de palma, por exemplo, dada a demanda intensa por óleos vegetais e menos matéria-prima disponível para o óleo de soja. 

Mariano explica ainda que alguns portos do Brasil, dados os baixos volumes disponíveis por conta das perdas pelo clima, já registram filas de navios que sofrem com atraso de 8 a 15 dias, estimulando uma demanda maior pelo produto dos Estados Unidos. Somente nos últimos 20 dias, a China foi buscar mais de 600 mil toneladas de soja norte-americana, onde a disponibilidade é melhor. 

O quadro poderia se agravar, ainda segundo o executivo, caso as chuvas previstas para o Centro-Norte venham se confirmam, comprometendo não só o ritmo da colheita - em Mato Grosso, principalmente  - mas a qualidade dos grãos que chegam ao mercado estando comprometida pelo excesso de umidade. "Então, esse fator de tempo muito chuvoso poderia ser um fator de sustentação na Bolsa de Chicago, uma vez que a demanda continuaria concentrada nos EUA", diz. 

E ele traz ainda a valorização do real e a forte alta dos prêmios brasileiros como duas variáveis que também motivam uma demanda maior pelo produto dos EUA, o que também justifica que "o movimento em Chicago tende a ser ainda especulativo, pois não só o movimento de oferta e demanda estará presente na comercialização, como também os 7% de inflação nos EUA será o suficiente para avançar mais rapidamente com um aumento da taxa de juros para controlar a inflação, já que aquele país soma US$ 30 trilhões de dívida", diz. 

Mariano complementa afirmando que o cenário macroeconômico vai influenciar o comportamento cambial, consequentemente do andamento dos preços nas principais origens e, dessa forma, da demanda. 

Ao mesmo tempo, o interesse de venda do produtor brasileiro segue contido, com os sojicultores evitando

"O produtor está conseguindo angariar preços maiores em função desse momento de retração de ofertas onde os compradores pagam preços melhores, até por conta de uma tarifação cambial nos vencimentos mais longos, e também escapando do frete exagerado. Estamos vendo fretes R$ 50 por tonelada mais caros do que no ano passado, na época de colheita, e isso tira o valor do produtor diante do cenário internacional, cambial e de prêmios", diz o analista de mercado. 

Mário Mariano ainda explica que a subida de preço em Chicago de US$ 13,50 para a máxima dos US$ 15,60 dos últimos dias, para o produtor brasileiro, mais o dólar somariam R$ 25,00 por saca a mais. "Pode não ter acontecido no bolso do produtor do RS, BA, TO, MT, mas a matemática é uma só, o preço deu esse potencial. Ele pode não ter sido repassado pelo exagerado custo do transporte", detalha. 

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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