Soja em Chicago pode buscar os US$16/bushel com confirmação de quebras acima de 30 mi/t na AMS
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Entrevista com Marcos Araújo - Analista da Agrinvest sobre o Fechamento de Mercado da Soja
A quinta-feira (27) terminou com os preços da soja em campo positivo na Bolsa de Chicago. Os futuros da commodity concluíram o dia com ganhos de 0,50 a 6 pontos nos principais contratos, levando o maio e o julho a US$ 14,51 por bushel. Segundo Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, a variável do clima na América do Sul e o tamanho da quebra da safra 2021/22 ainda deverão ser os principais drivers para os preços nas próximas semanas.
Araújo afirma que o número estimado para a produção brasileira - podendo, inclusive, ficar na casa de 131 milhões de toneladas, ou até mesmo abaixo disso caso as condições continuem se agravando - ainda não foi precificado por Chicago. Segundo ele, o cruzamento dos dados das agências estaduais mostram que as quebras foram bastante agressivas e que a perda tem potencial para ser maior do que se observa até este momento.
Assim, a tendência é de que a soja siga testando patamares ainda mais elevados na Bolsa de Chicago - inclusive em uma tentativa de racionar a demanda - podendo chegar aos US$ 16,00 por bushel. Ao lado das perdas, o analista afirma que esse comportamento do produtor de não avançar com novas vendas neste momento contribui para as altas.
Com o produtor brasileiro sem interesse em fazer novas vendas e com uma oferta muito menor do que o inicialmente estimado para a América do Sul, a China poderia intensificar suas compras nos Estados Unidos, onde a soja poderia, eventualmente, ficar mais barata do que a brasileira. Hoje, a oleaginosa norte-americana é cerca de 72 cents de dólar mais caro do que a do Brasil, mas os prêmios podem subir ainda mais por aqui, se combinando com novos ganhos em Chicago, resultando em uma menor competitividade do produto brasileiro.
A demanda maior por soja dos EUA, principalmente por parte da China, poderia estimular novas vendas dos produtores norte-americanos, estoques norte-americanos, fortalecimento de Chicago e uma possível pressão, como explica Araújo, dos prêmios no Brasil. Já especula-se que a nação asiática teria comprado um navio de soja para embarque fevereiro pelo PNW (portos do Pacífico).
E os chineses estão descobertos com a oleaginosa para o período de abril a junho em cerca de 25 milhões de toneladas, e parte disso pode buscar nos EUA caso o cenário no Brasil se mantenha ou se agrave.
"Vai ser uma briga boa porque a chave logística dos EUA está virada para a exportação de milho", explica Marcos Araújo.
Mais do que isso, a demanda interna no Brasil segue bastante forte, já pagando melhor do que a exportação, o que deve favorecer o fortalecimento dos preços no mercado nacional.
MERCADO NACIONAL
No Brasil, os produtores, como explicou o analista, as oportunidades de vendas podem ser ainda melhores no primeiro semestre, porém, o produtor tem que estar com sua comercialização em dia, com as estratégias alinhadas para que possa participar das altas que também poderão ser registradas no segundo.