Soja em Chicago volta ao patamar dos US$14/bushel e pode subir mais com confirmação de menor oferta na AMS e alta do petróleo

Publicado em 20/01/2022 17:26
Para Carlos Cogo a safra da AMS já perdeu 25 milhões de toneladas, mas mercado ainda não precificou toda quebra
Carlos Cogo - Sócio-Diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio

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Entrevista com Carlos Cogo - Sócio-Diretor da Consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio sobre o Fechamento de Mercado da Soja

O mercado da soja fechou o pregão desta quinta-feira com altas de mais de 30 pontos na Bolsa de Chicago. As cotações vieram intensificando suas altas, refletindo uma combinação de fatores que deram espaço para que as cotações voltassem aos US$ 14,00 por bushel, com força para se sustentar nestes patamares, segundo explicou o consultor de mercado Carlos Cogo, diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio. 

Os preços acompanharam as altas fortes do óleo de soja que, neste pregão, encerraram o dia com ganhos superiores a 2%, refletindo as preocupações do mercado com uma oferta menor de óleos vegetais em diversas origens - principalmente na Argentina sobre o óleo de soja, com óleos de todas as naturezas, bem como o avanço também do petróleo. As cotações da commodity, nesta semana, chegaram a testar suas máximas em sete anos.  

"O mercado pode tomar um viés de alta mais intenso na medida em que tomarmos conhecimento mais claro e preciso da quebra da América do Sul", diz. Na avaliação do consultor, as perdas estimadas para a safra da América do Sul são de 25 milhões de toneladas, com a ressalva de que algumas áreas plantadas mais tarde ou replantadas no Brasil com certo potencial de recuperação. 

Para o Brasil, o corte da Cogo Inteligência foi de 145,7 milhões para 131,5 milhões de toneladas, para a Argentina o número caiu de 50 para 40 milhões de toneladas. No caso do Paraguai, de 9,8 para 8,5 milhões de toneladas, com dificuldades para alcançar essa projeção corrigida.

"Os dois principais drivers do mercado são clima e petróleo. O petróleo não para de subir, o brent se aproxima dos US$ 90 e pode superar os US$ 90 por barril. E temos que ver como serão as safras do Braisl, Argentina, Paraguai, e isso deve continuar no radar como principal driver até o final de fevereiro e depois começando a olhar mais para a nova safra dos EUA", afirma Cogo. 

Os altos custos de produção esperados para a safra 2022/23 preocupa os produtores norte-americanos - já que são os mais elevados em 22 anos - e que deverão impactar nas decisões do produtor americano sobre sua área de plantio entre soja e milho. "Isso ainda não está completamente definido e os americanos são também importadores de insumos", complementa.

Para o consultor, diante deste quadro, o cenário é de preços mais altos, inclusive no mercado interno brasileiro. "O Brasil tem fundamentos internos positivos, e um deles é o câmbio", explica, além também das questões dos custos de produção e os momentos mais adequados para as compras de insumos, em especial de fertilizantes. 

No paralelo, ele destaca ainda a disputa entre o mercado interno e as exportações, com o reflexo de prêmios positivos nos portos em todos os vencimentos, inclusive para 2023, firmes, bem acima da média histórica para o período em relação a anos anteriores, e isso tudo em plena colheita da safra. 

No entanto, apesar dos bons preços, as margens de renda promovidas pela soja não deverão ser tão altas em relação à última temporada. Ainda assim, serão ainda muito favoráveis e em patamares muito bons, bem mais elevados do que a de produtores norte-americanos para 2022/23. 

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Por: Aleksander Horta e Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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