Soja: Safra na América do Sul inicia com potencial de novo recorde de produção e números que podem chegar a 215 mi/t
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Entrevista com Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado da Brandalizze Consulting sobre o Fechamento de Mercado da Soja
As bolsas de Chicago e Nova York não operaram nesta segunda-feira, 6 de setembro, em função do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, mas para os próximos dias, a tendência é de calmaria para o mercado da soja, em um momento em que o setor aguarda pelo relatório do USDA com as condições climáticas nos Estados Unidos e a proximidade do início do plantio do ciclo 21/22 no Brasil.
Vlamir Brandalizze, analista de mercado da Brandalizze Consulting, destaca que o mercado deve retomar os negócios nesta terça-feira (07) na expectativa do relatório do USDA, que deve trazer como ponto principal as chuvas dos últimos dias nas áreas de produção.
"Acredito que o relatório de condições das lavouras tem grande chance de ter uma melhoria de 1% na qualidade das áreas. Não há uma expectativa de grande melhoria, mas há uma tendência de estabilidade e 1% de melhoria", comenta.
Além das condições das lavouras, Vlamir destaca que a demanda pela China continua ditando o ritmo dos preços. "Se a China continuar com essa política de ir comprando aos poucos, automaticamente vai limitar as cotações nessa semana e amanhã Chicago também sabe que temos o feriado de 7 de setembro, então também operam de maneira mais tranquila, sem muita pressão. O quadro é de uma semana de calmaria porque os chineses não estão dando um sinal que vão vir mais agressivos pro mercado porque eles estão aguardando para ver como vai ser o arranque da safra da América do Sul", acrescenta.
Safra Sul-Americana
Vlamir comenta também que no Paraguai o plantio já começou, com o produtor aproveitando a umidade dos últimos dias e otimista com as previsões indicando nova rodada de chuvas para o país nos próximos dias. A expectativa para a produção deste ano é que ultrapasse 12 milhões de toneladas, dando fôlego para exportação também mais expressiva nesse ciclo.
Já quando assunto é Argentina, o especialista destaca que o produtor está cada vez mais descapitalizado, sofre com as condições adversas do clima, além da dificuldade de receber insumos. "Há um indicativo de muito atraso nas entregas dos insumos para Argentina. E ao contrário dos demais países, a Argentina pode até ter uma redução de área nessa nova safra em função do produtor estar sem capital e os insumos que não estão chegando", afirma.
Em relação à Bolívia, Vlamir comenta que a produção no país não tem avançado nos últimos anos já que a maioria dos produtores são brasileiros e migram há um tempo para os estados do Pará, Amapá e Roraima. No entanto, a área que vem produzindo cerca de 2 mi/t ao ano, deve ser mantida, diz Brandalizze.
"Quem tem avançado é o Uruguai, que esse ano deve plantar também mais soja na área de arroz, mesmo com as cotação de arroz estando em bons níveis. O produtor não tem uma liquidez boa porque o grande cliente do Uruguai continua sendo o Brasil e esse ano o produtor brasileiro também deve investir numa boa safra de arroz esse ano e importar menos", comenta. A expectativa é de avanço entre 1 e 2 milhões de toneladas na safra uruguaia nessa temporada.
Para o Brasil o cenário é de otimismo, aponta Vlamir, apesar das condições climáticas. "A projeção nos mostra 40,5 milhões de hectares é dado como certo. O Brasil ainda está com dificuldade de insumos, tem muitos que não estão chegando, estão com atraso com problemas na logística internacional. Se nós tivermos uma melhoria nessa questão de insumos, nós podemos chegar até 41 milhões de hectares", afirma. Assim como no Uruguai, Vlamir comenta que no Brasil o produtor deve avançar com o plantio também em áreas de arroz, além de áreas de cana-de-açúcar. O setor agora aguarda pelo retorno da estação chuvosa, na expectativa de um clima regular para o ciclo 21/22.
Confira a entrevista completa no vídeo acima