Tradings forçam negócios em reais em regiões do MT que negociam soja em dólar e descasamento da moeda traz insegurança

Publicado em 07/05/2020 12:04 e atualizado em 07/05/2020 16:31
Relações de troca para quem comercializa a soja em dólares já apresenta um deságio de 24% a 25% diante da disparada da moeda americana. Com isso, preço da saca está distante do ponto de equilíbrio e do patamar necessário para cobertura dos custos de produção e garantia das margens de lucro.
Paulo Assunção - Consultor Agronômico

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Entrevista com Paulo Assunção - Consultor Agronômico sobre os Custos de Produção da Soja no MT

 

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Os atuais preços da soja que batem níveis recordes em reais por saca não beneficiam todos os produtores brasileiros. Para o sojicultor que negocia sua safra em dólares, as relações de troca já apresentam um deságio de 24% a 25% na hora da conversão para os preços da oleaginosa para a moeda americana. 

E o sentimento que marca os negócios destes produtores neste momento, segundo explica o consultor agronômico Paulo Assunção é insegurança. "Temos tido perdas significativas, principalmente, para aquele produtor que fez alguma venda em real para pagar contas em dólares um mês ou dois para frente", diz. 

Segundo Assunção, com os atuais patamares em que trabalha o dólar a saca de soja opera na casa dos US$ 15,00, distante do ponto de equilíbrio para regiões como a de Tangará da Serra, em Mato Grosso, que é de aproximadamente US$ 17,00. O consultor usou de exemplo ainda negócios que, por conta da disparada do câmbio, levaram a saca a US$ 13,00, comprometendo ainda mais a comercialização destes produtores. 

O que agrava ainda mais o cenário é o fato de as tradings da região estarem forçando as compras em reais. "Se tentar no dólar, há um deságio e não fica tão interessante", explica o especialista, e o descasamento da moeda nas operações - com vendas em reais e compra de insumos em dólar - é o que causa transtorno e insegurança para o sojicultor. Afinal, de 60% a 65% dos custos de produção de soja são formados na moeda americana. 

Dessa forma, as compras de insumos por parte destes produtores têm se mostrado mais lentas do que em outras regiões, onde a comercialização é feita na divisa brasileira. "As compras estavam em uma marcha um pouco mais lenta, observando se poderia haver uma melhora, se o dólar poderia cair um pouco, mas a cada dia que passa não sabemos mais o limite de onde pode chegar o câmbio", explica Assunção. "As compras em reais estão acontecendo naturalmente. 

Os preços dos químicos e fertilizantes apresentaram uma baixa este ano e poderiam vir a trazer algum equilíbrio aos custos de produção. No entanto, o descasamento da moeda tira essa vantagem do produtor e as relações de troca acabam deterioradas. "Saímos de um custo de produção de 8,5 para 11,3 sacas nos fertilizantes", exemplifica o consultor para uma operação específica. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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