A safra está pronta, é exuberante e precisa ser colhida, adverte o Prof Elmar Floss

Publicado em 23/03/2020 10:19 e atualizado em 23/03/2020 14:43
Entrevista com Elmar Floss - Professor e Diretor do Instituto Incia sobre as Realidades da Safra - SOJA
Elmar Floss - Professor e Diretor do Instituto Incia

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Soja semeado em 22 de novembro no RS, qualidade baixíssima, já que houve problema com estiagem, imagem enviada por José Domingos Lemos Teixeira, de Tupancireta

 

Com exceção do Rio Grande do Sul, que amarga perdas nesta safra de soja devido à estiagem, o professor Elmar Floss, especialista do Agro, destaca a excelente safra do grão nas demais regiões produtoras do Brasil. Floss adverte que é preciso cuidado para que o Covid-19 não chegue ao interior onde estão as lavouras, mas diz também que a safra precisa sair do campo

"O importante agora, é a colheita. Essa pandemia, que está nos preocupando tanto no mundo todo, não pode chegar ao interior, porque esse grão precisa ser colhido, o agricultor não pode parar de colher, nem o transporte, o armazém, a indústria de rações, os portos". 

Segundo ele, além da demanda interna, a China deve voltar a comprar com mais força, portanto, é preciso que quem está em meio urbano e não tenha necessidade urgente de ir ao interior, não vá.

Floss ressalta também os cuidados a serem tomados por quem está no campo, como a higiene do maquinário na troca de funcionários, manter distância mínima de 2 m entre pessoas, e também no setor de transportes, para que o caminhoneiro evite sair da cabine e ter contato com outras pessoas.

Para Floss, o momento pede medidas assertivas e não populistas, como "alguns políticos que estão usando desta situação, fechando os estados, proibindo circulação de caminhões, tendo em vista as campanhas eleitorais".

-- "É de uma ignorância total e absoluta esse comportamento; há setores que não podem parar, e agricultores, transportadores, armazéns, indústria da ração, não podem e não vão parar".

CHUVA ATRASADA NO RS

De acordo com o professor Elmar Floss, a chuva que caiu sobre o estado do Rio Grande do Sul na última semana, veio tarde demais. Ele explica que a maior parte das áreas de soja do estado já haviam passado do período de enchimento de grãos, portanto, estas precipitações já não adiantariam para reverter perdas em quantidade e de qualidade de grãos.

"Se essa chuva ajudou, foi na região de Passo Fundo em direção a Vacaria, áreas que são mais frias onde a soja é semeada mais tarde", disse.

O professor afirma que houve uma má distribuição geográfica e temporal das chuvas no Rio Grande do Sul, trazendo uma perda entre 32% a 40% no rendimento em toneladas de soja do estado. 

O QUE VEM PELA FRENTE NO RS

Segundo ele, a estimativas climáticas neste momento para o Sul do país é qo encaminhamento para um período de La Niña, o que significa um inverno frio, pouco chuvoso, e uma primavera iluminada. 

"Isso é muito bom para culturas de inverno, e já vemos movimentação dos produtores pensando em aumentar a área de trigo, já que há escassez e o preço está favorável".

O professor destaca que é importante que o produtor rural procure fazer boas coberturas de solo, já que este foi o fator diferencial entre o agricultor que está amargando perdas profundas no estado e aquele que está conseguindo colher. 

"O agricultor que investiu na formação de solo no ano passado, após colher soja e milho, fez plantio de coberturas (de preferência consórcio de cobertura, colocou calcário, gesso onde era necessário), teve um solo com melhores condições, retenção de água, aerado". 

Para ele, mesmo em condição de estiagem, o solo bem construído, associado a uma semente com mais vigor faz a diferença. 

 

 

Por: João Batista Olivi e Letícia Guimarães
Fonte: Notícias Agrícolas

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