Soja: Graças ao câmbio alto, mercado no Brasil se mantém acima dos R$ 90 nos portos
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Entrevista com Luiz Fernando Gutierrez Roque - Analista da Consultoria Safras & Mercado sobre o Fechamento de Mercado da Soja
Nesta sexta-feira (6), o dólar encerrou o dia com baixa de 0,36% e valendo R$ 4,6344, depois de acumular uma alta de 8,13% nos últimos 12 pregões. Somente nesta semana, os ganhos acumulados pela moeda americana são de 3,42%. E este tem sido um dos mais importantes pilares para a formação dos preços da soja no Brasil.
Nos portos, as referências seguem acima dos R$ 90,00 por saca - tanto para a safra atual, quanto para a safra nova - e vem garantindo algumas das melhores oportunidades de todos os tempos para os produtores brasileiros.
"O dólar à vista finalmente quebrou uma série de 12 altas consecutivas e fechou em baixa moderada ante o real nesta sexta-feira, mas ainda assim acumulou a maior valorização semanal desde novembro do ano passado, depois de dias de forte tensão por causa do coronavírus e ampliada por questionamentos do mercado acerca do modus operandi de atuação do Banco Central no câmbio", explica a agência de notícias Reuters.
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E a demanda pela soja brasileira continua ativa e forte, com o produto nacional se mostrando ainda o mais atrativo para os importadores.
Os ganhos são garantidos essencialmente pela vantagem cambial com a qual contam os produtores brasileiros neste momento, uma vez que em Chicago as cotações seguem fragilizadas. E nesta sexta-feira recuaram acompanhando as demais commodities, principalmente por conta do agravamento do caso do coronavírus.
Lideradas pelo petróleo - que perdia mais de 8% na tarde desta sexta-feira (8) - recuavam energéticas, metálicas e agrícolas. De ponta a ponta o mercado operava no vermelho, e levava ainda os principais índices acionários.
"Há muita volatilidade nos mercados financeiros, muita instabilidade e todos se contaminam. A tendência segue negativa para todos os financeiros agora", explicou o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez.
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Importação de soja pela China aumenta 14% no 1º bimestre com mais cargas dos EUA (Reuters)
PEQUIM (Reuters) - As importações de soja pela China nos primeiros dois meses de 2020 aumentaram 14,2% em relação ao ano anterior, mostraram dados oficiais neste sábado, com as cargas dos Estados Unidos sendo reservadas durante uma trégua comercial no final de 2019.
A China, o principal mercado mundial de soja, trouxe 13,51 milhões de toneladas da oleaginosa em janeiro e fevereiro, ante 11,83 milhões de toneladas no ano anterior, segundo dados da Administração Geral de Alfândega.
A alfândega disse no mês passado que combinaria dados preliminares de comércio para janeiro e fevereiro, em vez de liberar dados para meses individuais.
Os dados do início do ano na China geralmente são distorcidos pelo feriado do Ano Novo Lunar de uma semana, enquanto este ano a epidemia de coronavírus também interrompeu amplamente os negócios.
A China trouxe 9,54 milhões de toneladas da oleaginosa em dezembro, quando cargas do Brasil e dos Estados Unidos foram despachadas pela alfândega.
Os processadores de soja compraram mais grãos dos EUA depois que Pequim emitiu cotas livres de tarifas extras para algumas cargas americanas antes de um acordo comercial inicial, que foi finalizado em janeiro.
A China já concedeu mais isenções tarifárias a alguns processadores para importar soja dos EUA, informou a Reuters na sexta-feira.
As medidas para conter o coronavírus na China, no entanto, dificultaram o uso das taxas pelas indústrias, uma vez que interromperam o transporte de matérias-primas e produtos processados.
Prevê-se que as atividades de esmagamento comecem a aumentar gradualmente, à medida que as ações de contenção do vírus diminuem em meio à redução de casos da doença na China.
A soja dos EUA geralmente domina o mercado no quarto trimestre e nos primeiros meses de cada ano, quando os EUA geralmente escoam sua safra.
Mas atualmente a soja brasileira está mais competitiva, já que o Brasil está em fase de colheita de uma safra recorde.
Assim, o secretário de Agricultura dos EUA, Sonny Perdue, previu na quarta-feira que a China voltará ao mercado americano de soja no final da primavera ou no verão boreal.
A demanda da China por soja também foi contida nos últimos meses por um surto de peste suína africana, que reduziu em quase 50% o enorme rebanho suíno do país.