Soja e demais commodities voltam a cair nesta 4ª diante da gravidade do Coronavírus

Publicado em 29/01/2020 18:02
Entrevista com Ginaldo de Sousa - Diretor Geral do Grupo Labhoro
Ginaldo de Sousa - Diretor Geral do Grupo Labhoro

Sem notícias consistentes de uma mudança na perspectiva da gravidade do surto do coronavírus - que já matou mais de 130 pessoas e contaminou mais de 6 mil - as commodities registraram um novo dia de perdas generalizadas nesta quarta-feira (29). O total de pessoas infectadas já supera o da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) entre 2002 e 2003 quando vitimou 349 e infectou 5327 na China. 

Entre as agrícolas, quem liderou as baixas foram os futuros do café arábica negociados na Bolsa de Nova York, que encerrou o dia com baixas de mais de 2%. Na sequência, as cotações do trigo perderam mais de 1% na Bolsa de Chicago, enquanto as perdas entre os futuros da soja e do milho foram um pouco mais limitadas. 

O petróleo WTI perdia cerca de 0,5% também na Bolsa de Nova York, com o barril sendo cotado a US$ 53,16. O ouro caminhava para encerrar o dia em campo positivo, porém, mais cedo também trabalhava no vermelho, mesmo movimento que se observava no mercado da prata. 

"O que sobrou foram as criptomoedas", explica o diretor do Grupo Labhoro ao Notícias Agrícolas, Ginaldo Sousa, em entrevista nesta quarta-feira direto de Mafra, em Santa Catarina. Segundo Sousa, diante de tantas incertezas em torno da demanda chinesa - e mundial - e de quanto tempo a situação se normaliza, muitos setores estão paralisados e acabam por paralisar muitos mercados também. 

Em contato com especialistas na nação asiática, o diretor da Labhoro pôde atestar que trata-se de um momento dramático, de isolamento e confinamento, sérias dificuldades de logística e mobilidade da população e os serviços bastante afetados. "São restaurantes fechados, lojas fechadas, ruas vazias (...) Quem vai querer compras (inclusive no mercado financeiro) em um momento como esse? Ninguém", diz. 

O surto do coronavírus chega logo na sequência da assinatura da fase um do acordo comercial firmado entre China e Estados Unidos, o que vinha promovendo uma forte expectativa de que a nação asiática voltasse ao mercado norte-americano neste ano de 2020 de forma mais expressiva. "O que foi assinado não significa que está tudo resolvido, mas se tinha uma expectativa. Agora a demanda da China não volta tão cedo por conta do Coronavírus. A demanda mundial está apreensiva", explica o especialista. 

Sousa lembrou ainda que o presidente chinês Xi Jinping afirmou, mais uma vez, que seu governo está total e completamente comprometido em resolver o quanto antes e que uma solução poderia chegar em 15 dias. "Mas para que tudo se arranje, serão necessários, pelo menos, mais uns quatro meses". 

PRODUTOR BRASILEIRO

Frente a este cenário, o analista afirma que a principal orientação para o produtor brasileiro é de que ele se mantenha em alerta e atuante, aproveitando as oportunidades que lhe surgirem em meio a esta crise. "Além disso, o Brasil tem demanda de vendas já feitas e precisa embarcar isso", diz. 

Com 45% da safra já comprometida, os sojicultores contam com um pouco mais de tempo e espaço para refazerem seus cálculos e estratégias diante deste novo fator e do atual comportamento da China. "Mas continua sendo importante dizer que isso é um momento passageiro, isso vai se resolver e tudo irá voltar ao normal". 

Nesta quarta-feira, os preços da soja mantiveram a estabilidade na maior parte do interior do país, bem como aconteceu com os indicativos nos portos do país.

OMS volta a avaliar na 5ª se declara coronavírus emergência global; China começa a esvaziar regiões

Por Se Young Lee e Stephanie Nebehay

PEQUIM/GENEBRA (Reuters) - Governos estrangeiros retiraram seus cidadãos do epicentro do surto do coronavírus na China nesta quarta-feira, enquanto o número de mortos pela doença saltou para 133 e a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou "grave preocupação" sobre a contaminação de pessoa para pessoa em três outros países. 

A OMS afirmou que seu Comitê de Emergência se reuniria novamente a portas fechadas na quinta-feira para decidir se a rápida propagação do novo vírus a partir da China constitui agora uma emergência global. 

"Nos últimos dias o progresso do vírus, especialmente em alguns países, especialmente na transmissão de humano para humano, nos preocupa", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em entrevista coletiva em Genebra, citando Alemanha, Vietnã e Japão como os países que registraram transmissão de pessoa a pessoa. 

"Embora os números fora da China ainda sejam relativamente pequenos, eles possuem o potencial para um surto muito maior." 

Foram registrados 6.065 casos do vírus análogo ao da gripe em 15 países pelo mundo --todos, exceto cerca de 70, na China-- de acordo com os últimos números da OMS. Todas as mortes até agora aconteceram na China, onde a Comissão Nacional de Saúde informou 132 fatalidades até o final da terça-feira. Mais uma morte foi reportada na província de Sichuan na quarta-feira. 

A situação permanece "sombria e complexa", disse o presidente chinês, Xi Jinping, que na terça-feira havia prometido derrotar o vírus "demoníaco". O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ter falado com Xi e seu governo e que estava trabalhando de perto com a China para conter o surto. 

Algumas grandes companhias aéreas suspenderam voos para a China, e um importante economista previu um grande impacto do surto do vírus no crescimento econômico do país.

O painel da OMS composto por 16 especialistas independentes recusou duas vezes na semana passada declarar a situação como emergência internacional, mas irá reavaliar a situação novamente na quinta-feira. 

"Estamos em uma conjuntura importante neste episódio. Acreditamos que essas cadeias de transmissão ainda possam ser interrompidas", disse Mike Ryan, diretor-executivo do Programa de Emergências de Saúde da OMS. 

Ryan também elogiou a resposta da China ao surto do coronavírus: "Estão tomando medidas extraordinárias diante de um desafio extraordinário". 

Em muitas das cidades chinesas, as ruas estavam quase completamente desertas. Atrações turísticas estão fechadas e lojas da rede de cafés Starbucks exigiam que as pessoas medissem suas temperaturas e usassem máscaras. 

"É a minha primeira viagem à Ásia, me sinto muito azarada", disse a turista brasileira Amanda Lee, de 23 anos, que estava encurtando sua viagem. "Eu não consegui ver os lugares que gostaria, como a Grande Muralha." 

Quase todas as mortes até agora aconteceram na província central de Hubei, que abriga população de cerca de 60 milhões de pessoas e se encontra agora virtualmente isolada. O vírus surgiu no mês passado em um mercado de animais selvagens em Wuhan, capital da província.

Coronavírus pode prejudicar economia da China e talvez até global, diz Powell

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que o surto internacional do coronavírus é uma "questão muito séria" e terá "impactos na economia da China" no curto prazo. Segundo ele, a doença além de prejudicar a economia do país asiático, poderá também afetar talvez o nível de atividade global.

De acordo com Powell, a situação do coronavírus é muito incipiente em termos internacionais, cuja expansão do número de casos e efeitos em termos humanos e econômicos são incertos. "É uma situação inicial. Não vou especular sobre seus impactos." 

O presidente do Fed expressou que vê com "cauteloso otimismo" as perspectivas para a economia mundial neste momento. "PMIs recentes sugerem que podem estar ocorrendo recuperação da atividade", em vários países, destacou. Ele ressaltou que "não estamos certos da recuperação "da demanda agregada internacional, mas sem dúvida há sinais neste sentido. 

Coronavírus não afetará vendas de carne para a China, diz presidente da JBS

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente-executivo da JBS disse nesta quarta-feira que não espera que o surto de Gilberto Tomazoni disse que o surto de SARS na China, em 2003, poderia ser uma situação comparável, e que naquele período as importações de carne pelo país aumentaram.

Por sua vez, o presidente da BRF, Lorival Luz comentou durante evento do Credit Suisse que o vírus poderá aumentar a demanda chinesa por carne congelada e processada. Já a Marfrig comentou em comunicado que ainda não registrou cancelamentos de vendas ou embarques para a China.

(Por Tatiana Bautzer e Ana Mano)

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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