Alerta geral no campo: não adianta mais aplicar glifosato na buva. Amarantos está isolado no MT

Publicado em 05/06/2019 17:53
Evento em Campinas reuniu 200 pesquisadores focados no aumento da resistência dos herbicidas usuais; uso do dicamba e rotação são as alternativas que restam ao produtor
Desafios do manejo de plantas daninhas na região Sul do país

Diretamente do evento i2x Talks, o Notícias Agrícolas conversou com Pedro Cristofoletti, da Esalq/USP e Pedro Schneider, da Agriplus, para destacar dois problemas sérios para a agricultura brasileira: a buva e o amaranthus, que já aparece em uma pequena área no Mato Grosso.
 
O destaque que ambos fazem é que não adianta mais aplicar glifosato para o controle da buva, já que não há mais nenhum efeito. Já o amaranthus consegue ser contido apenas com o auxílio do dicamba, que poderá ser aplicado com o lançamento da Intacta 2 Xtend.
 
Cristofoletti destaca que as plantas daninhas são seres em evolução. O ser humano impõe tecnologias e elas evoluem no seu processo. Hoje, o desafio do produtor rural é saber como controlá-las e buscar medidas alternativas para esse controle.
 
O alerta da aplicação ineficaz do glifosato na buva vale para todo o Brasil, embora essa planta se desenvolva melhor em temperaturas amenas. Mesmo quando for possível utilizar o dicamba, o ideal é que o produtor não faça essa aplicação isolada e, sim, combinada com herbicidas residuais, trazendo diversificação para o mecanismo.
 
Schneider, que é do Rio Grande do Sul, visualiza que os produtores ainda têm dificuldade de usar algumas tecnologias e práticas de manejo. Para ele, é necessário ocorrer um terceiro movimento na agricultura brasileira, que é o de manejar corretamente os herbicidas. Ele salienta que "devemos isso para a sociedade e para o mundo" e que isso poderia vir a partir de um treinamento do produtor. No processo de rastreabilidade, essa será uma coisa a ser cobrada.
 
Amaranthus
 
O amaranthus é uma espécie de caruru que era frequente nas regiões desérticas do México e dos Estados Unidos. Hoje, ela é um dos maiores desafios do manejo dos norte-americanos. No Brasil, ela é exótica, mas foi detectada no Mato Grosso. A área afetada no Brasil, que conta com 20 a 30 mil hectares, se encontra isolada desde 2016, mas não consegue ser erradicada. 
 
Como lembra Schneider, o amaranthus também é um grande problema na Argentina, que está mais próxima do sul do Brasil do que o Mato Grosso. Essa planta não sofre qualquer alteração com a aplicação do glifosato, necessitando também de uma aplicação combinando o dicamba com produtos residuais.
Por: João Batista Olivi e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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