Clima ainda pode interferir nas lavouras de soja nos EUA, mas novas oportunidades de negócios ficam para agosto

Publicado em 23/07/2018 17:54
Condições atuais das lavouras nos EUA mostram que potencial produtivo pode superar 120 milhões de toneladas, mas momento é crucial para as plantas e clima ainda é capaz de interferir nos resultados. Mercado segue de olha nas condições das lavouras americanas
Fernando Muraro Jr. - Analista de Mercado

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Entrevista com Fernando Muraro Jr. - Analista de Mercado sobre o Fechamento de Mercado da Soja

 

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Nesta segunda-feira (23), o dia foi de leves quedas nos principais vencimentos da soja na Bolsa de Chicago (CBOT), após altas sucessivas na última semana.

Fernando Muraro Jr, analista de mercado da AgRural, destacou que este foi um dia morno após uma semana positiva, com as posições "em cima do muro". O principai termo fundamental está baseado nas boas condições das lavouras dos Estados Unidos, já que 70% estão neste estado.

Sendo assim, o mercado desenha, no momento, futuros abaixo de US$9/bushel. O quadro oferta e demanda também é determinante, já que a guerra comercial dos norte-americanos com a China gera uma expectativa de redução nas exportações, podendo fazer com que os estoques sejam os terceiros mais altos da história.

O mês de agosto é importante para a definição da safra dos Estados Unidos. A produção pode ficar entre 118 a 122 milhões de toneladas. Se ficar acima de 120 milhões de toneladas, os preços tendem a ficar em patamares mais baixos na CBOT.

Apesar dos preços ruins em Chicago, os produtores brasileiros têm os prêmios e o dólar trabalhando a favor. Desta forma, os momentos de alta devem ser aproveitados.

Secex indica aumento na exportação de soja do Brasil em julho

SÃO PAULO (Reuters) - As exportações diárias de soja do Brasil registram um forte ritmo no acumulado das três primeiras semanas de julho, superando a média fechada de junho e do mesmo mês do ano passado, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Os embarques nos primeiros 15 dias úteis do mês atingiram uma média de 517,6 mil toneladas ao dia, ante 496,2 mil toneladas/dia em junho e 331,2 mil toneladas/dia em julho de 2017.

Ao todo, o Brasil exportou até a terceira semana de julho 7,76 milhões de toneladas, segundo a Secex.

As fortes exportações foram registradas no mesmo dia em que a associação da indústria (Abiove) revisou para cima sua previsão de embarques de soja do Brasil no ano de 2018.

Agora a associação prevê embarques do maior exportador global de soja em 73,5 milhões de toneladas em 2018, de 72,10 milhões anteriormente e aproximadamente 68 milhões no ano passado.

Diversas consultorias e associações vêm revisando para cima as estimativas de vendas de soja do Brasil em 2018 em razão não só da colheita recorde, mas também da disputa comercial entre Estados Unidos e China, que pode levar o gigante asiático a comprar mais da oleaginosa brasileira para suprir seu mercado.

Plantio de soja no Brasil em 18/19 pode crescer até 5%, prevê Corteva

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A área plantada com soja na safra 2018/19 no Brasil deverá crescer de 3 a 5 por cento, dependendo de como o maior exportador global da oleaginosa vai se beneficiar da disputa comercial entre Estados Unidos e China, na avaliação de executivo da Corteva, uma das maiores companhias de insumos agrícolas que atuam no país.

Ainda que os preços na principal bolsa de contratos futuros, em Chicago, tenham despencado para mínimas de cerca de dez anos em meados deste mês, os prêmios pagos pelo produto brasileiro estão compensando essas quedas, garantindo boa rentabilidade ao produtor nacional, o que é um incentivo para o plantio que começa em setembro.

"O mercado de soja deve crescer, (o quanto) vai depender da discussão (dos EUA) com a China", afirmou nesta segunda-feira Roberto Hun, presidente no Brasil e Paraguai da Corteva Agriscience, divisão agrícola da DowDuPont.

A se confirmar o aumento de área previsto por Hun, o Brasil poderia plantar em 2018/19 um recorde de cerca de 37 milhões de hectares, ante 35,15 milhões projetados pelo governo para 2017/18.

A China aplica tarifas de 25 por cento a produtos dos EUA, incluindo a soja, desde 6 de julho. Os norte-americanos, ao lado dos brasileiros, tradicionalmente dominam os embarques da oleaginosa para o maior comprador global.

Especialistas dizem que o Brasil, ainda que seja líder nas vendas à China, não conseguiria atender sozinho à demanda chinesa, mas o aumento de área esperado sinaliza que os brasileiros visam ao menos elevar sua participação no mercado.

Produtos para proteção da lavoura de soja contra pragas e doenças respondem pela maior parte do faturamento do setor de defensivos no Brasil, um dos maiores mercados globais para tais insumos agrícolas do mundo.

Fortalecida pela fusão das operações da Dow e Dupont, assim como pelas sinergias obtidas na transação, a Corteva espera ocupar uma posição de liderança no Brasil nos próximos anos. Atualmente, a empresa está entre os três maiores, disse Hun, em entrevista a jornalistas durante o Global Agribusiness Forum 2018, evento do setor realizado em São Paulo.

A América Latina representa 21 por cento dos cerca de 15 bilhões de dólares anuais em vendas da Corteva, enquanto o Brasil responde pela maior parte do faturamento na região.

Entre sementes e produtos de proteção de cultivos, o mercado total do Brasil e do Paraguai gira em torno de 15 bilhões de dólares, nas contas da Corteva.

MILHO

Hun disse ainda que a área de milho no verão no Brasil, que concorre com a soja por espaço, deverá cair na próxima safra, uma vez que a oleaginosa tem sido mais atraente aos produtores.

Por outro lado, ele disse que haverá uma recuperação na safra de milho de inverno, conhecida como "safrinha", mas que nos últimos anos vem respondendo pela maior parte do cereal brasileiro.

Na soma total, entre milho verão e inverno, o executivo da Corteva espera um leve crescimento no plantio do cereal em 2018/19, com um aumento na "safrinha" mais do que compensando a queda na primeira safra.

Ele ressaltou que o avanço tecnológico, com variedades de ciclo mais curto de soja e milho, permitiu que o Brasil produzisse mais cereal no inverno, o que ajudou a alçar o país à segunda posição na exportação global do grão, atrás dos Estados Unidos.

IMPACTO DOS FRETES

Questionado sobre potenciais problemas gerados para o setor agrícola pelo tabelamento do frete rodoviário, instituído pelo governo após a paralisação histórica dos caminhoneiros em maio, o executivo disse que as vendas da Corteva não foram afetadas.

Ao contrário, ele afirmou que houve uma antecipação de negócios, com produtores buscando fechar suas compras de insumos, para ter proteção contra volatilidade do dólar, por exemplo.

"Em termos de ordens e pedidos, não temos grande mudanças de patamar. Pelo câmbio, os produtores procuraram até antecipar os negócios para evitar menos exposição a tais variáveis", disse Hun.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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