Soja: Preços em Chicago estão defasados em relação ao quadro global de oferta e demanda
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Perspectivas para os preços da soja com Liones Severo - Consultor de Mercado do SIMConsult
Em um momento no qual os preços da soja buscam direcionamento no mercado e os produtores vivem momentos de incerteza e indefinição em seus negócios, o Notícias Agrícolas conversou nesta quarta-feira (02) com Liones Severo, consultor de mercado do SIMConsult.
Severo destacou que o mercado físico brasileiro, neste momento, está descolado de Chicago. Os prêmios têm atendido a conveniência dos produtores, com soja sendo vendida de US$11,50/bushel a US$12/bushel. Para ele, o mercado passa por uma transformação e não se sabe o que irá ocorrer daqui em diante.
Com a falta de soja da Argentina, o farelo deve ser, até certo ponto, o foco das altas. Contudo, a soja em grão tem tudo para assumir esse posto por si só, já que ela é a matéria prima e o esmagamento tende a ser maior para atender à demanda internacional.
O mercado de derivativos de Chicago, como observa o consultor, ignora a natureza do produto em muitas de suas negociações, mas o impacto de algumas situações é inevitável nos preços. Os mapas dos Estados Unidos, neste momento, mostram um cenário de seca muito semelhante ao ano de 2012, quando a soja atingiu patamares recordes na Bolsa. Severo não acredita que esse cenário deva se repetir, já que o mercado mudou muito em suas relações, mas que algum impacto deva ocorrer em consequência disso.
Mapas do Drought Monitor comparam a seca de 2012 - na imagem à direita - com a de 2018
Da parte dos consumidores chineses, ele também destaca que os produtores granjeiros estão cada vez mais tecnificados no país asiático, com uma série de silos modernos e novas pocilgas que devem trazer um novo incremento na demanda por soja, mais especificamente farelo para a alimentação dos suínos. O país, afinal, possui o maior plantel de suínos do mundo .
Uma delegação norte-americana também deve conversar em breve com o primeiro-ministro chinês a respeito dos embargos ao grão dos Estados Unidos, mas o consultor pontua que os asiáticos "não podem viver sem essa soja".
Os produtores brasileiros, por sua vez, tendem a esperar um melhor desempenho do mercado climático norte-americano, bem como aguardar o desenvolvimento da safra de milho, sendo a soja restante uma espécie de "poupança" para vender mais adiante e cobrir os custos. No entanto, Severo afirma que trata-se de um bom momento, de bons preços e que algumas vendas poderiam trazer resultados interessantes aos sojicultores brasileiros.