China poderia trazer mais severidade à disputa comercial com os EUA e ampliar oportunidades para o agro brasileiro

Publicado em 05/04/2018 15:50
Maior estoque da dívida americana entre outros países está com os chineses e essa é uma das vantagens neste quadro de disputa. Movimentação mais intensa poderia provocar sério desequilíbrio na economia americana. Na Bolsa de Dalian, preços da soja seguem em alta.
Confira entrevista com Eduardo Lima Porto - Diretor da LucrodoAgro

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Nesta quinta-feira (5), Eduardo Lima Porto, diretor da LucrodoAgro, conversou com o Notícias Agrícolas para trazer uma análise detalhada sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, em um momento no qual mais de 200 produtos norte-americanos, incluindo a soja, estão sob ameaça de taxação por parte dos asiáticos.

Porto comenta que a movimentação da China trata de uma estratégia "muito mais profunda do que a gente está vendo agora", algo que "precisa ser avaliado de maneira fria". O primeiro impacto seria o estabelecimento dessas tarifas que impactam o custo dos importadores - mas que, por outro lado, os asiáticos possuem um plano consistente de expansão do abastecimento de alimentos. Em um curto espaço de tempo, como visualiza o diretor, o mundo poderá estar diante de novos players que irão concorrer para atender a demanda do mercado chinês.

Para ele, o presidente Donald Trump apenas acelerou "uma pretensão que já estava desenhada anteriormente" e essas questões devem ser enxergadas em um horizonte mais longo do que é visto todos os dias na Bolsa de Chicago (CBOT). A proposta do governo chinês de reduzir a dependência norte-americana, segundo ele, é um programa bastante consolidado neste momento.

O diretor também avalia que "a China está ganhando em disparada dos Estados Unidos nesse jogo geopolítico" e que alguns fatores, como uma desvalorização da moeda norte-americana, estão envolvidas neste momento.

Esse resultado também pode "turbinar" os planos que eventualmente pudessem estar parados de investimentos do governo chinês nos mercados do continente africano - e as dificuldades que este ponto poderá gerar para a agricultura brasileira, de forma que algumas regiões ficariam mais afastadas, em termos de logística. Ele também comenta o potencial da China, não só consumidor, como também em termos de logística e competitividade, para continuar se afirmando como um grande player mundial.

Os produtores brasileiros, contudo, poderiam se beneficiar de uma lógica na qual a indústria estaria próxima de um modelo voltado para a exportação. Este, segundo ele, poderia ser um caminho para realinhar as relações entre o Brasil e a China, principalmente se considerado um cenário de guerra prolongada com os norte-americanos. Para o país, é interessante continuar exportando soja para os chineses.

Confira a entrevista completa com Eduardo Lima Porto no vídeo acima.

Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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