Soja: Negociação mais direta do Brasil com a China pode ganhar força frente à guerra comercial China x EUA

Publicado em 13/03/2018 12:29
Uma retaliação mais efetiva dos chineses para os americanos poderia chegar com um acordo bilateral da nação asiática com o Brasil, em que as transações fossem feitas em reais, dependendo menos do dólar e, aos poucos, reduzindo as referências em Chicago. Ferramenta pode trazer de volta às discussões sobre uma bolsa brasileira.

Roberto Dumas Damas, economista e professor do Insper, avalia que a ação dos Estados Unidos de taxar a importação de aço proveniente da China não deve beneficiar os trabalhadores norte-americanos.

Segundo Damas, há trabalhadores que dependem diretamente da utilização do aço e que serão prejudicados por essa medida. No final das contas, ele acredita que isso não deve recuperar o emprego e, ainda por cima, deve trazer mais inflação para o país, já que o produto final pode ficar mais caro. "O mercado precisa entender o tiro no pé que está dando", avalia.

Em um primeiro momento, ele acredita que o mercado de soja brasileiro poderia se beneficiar com essa medida. Entretanto, ele lembra que não é aconselhável que o Brasil fique totalmente dependente da China, bem como a China não conseguirá obter toda a sua necessidade proveniente do país sul-americano.

Por um lado geopolítico, ele também acredita em uma possibilidade maior de uma referência de preços passar por uma bolsa brasileira, aumentando as exportações de soja em reais e limitando o uso do dólar. Dessa forma, a dependência da Bolsa de Chicago vai diminuindo, embora ela ainda continue relevante.

Trabalhando com a sua própria moeda, o produtor trabalharia "como se estivesse vendendo para outro estado", melhorando a situação da comercialização. Conforme as relações forem aumentando, daria para formar os preços em reais na Bolsa brasileira.

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Por: Carla Mendes e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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