Soja: Negociação mais direta do Brasil com a China pode ganhar força frente à guerra comercial China x EUA
Roberto Dumas Damas, economista e professor do Insper, avalia que a ação dos Estados Unidos de taxar a importação de aço proveniente da China não deve beneficiar os trabalhadores norte-americanos.
Segundo Damas, há trabalhadores que dependem diretamente da utilização do aço e que serão prejudicados por essa medida. No final das contas, ele acredita que isso não deve recuperar o emprego e, ainda por cima, deve trazer mais inflação para o país, já que o produto final pode ficar mais caro. "O mercado precisa entender o tiro no pé que está dando", avalia.
Em um primeiro momento, ele acredita que o mercado de soja brasileiro poderia se beneficiar com essa medida. Entretanto, ele lembra que não é aconselhável que o Brasil fique totalmente dependente da China, bem como a China não conseguirá obter toda a sua necessidade proveniente do país sul-americano.
Por um lado geopolítico, ele também acredita em uma possibilidade maior de uma referência de preços passar por uma bolsa brasileira, aumentando as exportações de soja em reais e limitando o uso do dólar. Dessa forma, a dependência da Bolsa de Chicago vai diminuindo, embora ela ainda continue relevante.
Trabalhando com a sua própria moeda, o produtor trabalharia "como se estivesse vendendo para outro estado", melhorando a situação da comercialização. Conforme as relações forem aumentando, daria para formar os preços em reais na Bolsa brasileira.