Ferrugem da soja não afeta produtividade na safra atual,mas intensificação no uso de fungicida pode agravar resistência do fungo
A pesquisadora Claudia Godoy, da Embrapa Soja, conversou com o Notícias Agrícolas nesta quinta-feira (08) para destacar a situação da ferrugem asiática na safra brasileira, sobretudo no Paraná, estado que enfrentou um atraso no plantio e um excesso de chuva entre o final de dezembro e o mês de janeiro, o que atrapalhou o controle da doença.
Para Godoy, o grande vilão foi o clima e há várias situações nas quais houve atraso no controle, mas este não é um fato generalizado. Em fevereiro, grande parte da soja está entrando em fase de colheita e, quanto mais tarde for o aparecimento da doença, menor o dano para a cultura.
A situação crítica está, entretanto, naquelas áreas de soja plantadas após o feijão. O Paraná teve uma extensão em sua janela de semeadura. Os produtores que plantaram dentro do período estendido podem ter dificuldade para controlar a doença, que vai aparecer nas fases mais precoces da lavoura, bem como a aplicação excessiva de produtos, vindos de uma cultura para a outra, pode incentivar a resistência do fungo aos produtos aplicados.
A recomendação da pesquisadora é de que os produtores atentem-se para a utilização de fungicidas específicos combinados com os multissítios, principalmente se a ferrugem já estiver instalada. Nesta safra, as consequências para a produção e para a produtividade em função da doença não são tão grandes, mas o ideal seria que o vazio sanitário fosse respeitado.
O vazio sanitário, como salienta Godoy, é a principal medida de manejo da ferrugem. Desta forma, medidas de controle em conjunto com outros estados, como uma janela de plantio em comum, bem como com os países vizinhos, são essenciais. Ela conta que o Consórcio Antiferrugem irá começar a monitorar a Bolívia, bem como o Paraguai já possui sua própria mesa de trabalho para a doença.