Teor de proteína da soja reduz à medida que produtividade aumenta; remuneração por qualidade pode reverter essa tendência
Marcelo Alvares de Oliveira, pesquisador da Embrapa Soja e presidente da Abrapos, destacou ao Notícias Agrícolas nesta quarta-feira (31) que a produtividade da soja pe inversamente proporcional ao seu teor de proteína.
Ele lembra que, nos anos 1970, o acordo da indústria com os produtores era de que o grão tivesse 40% de proteína e 20% de óleo. Com o passar do tempo, o melhoramento genético acabou aumentando a quantidade de sacas por hectare nas lavouras, mas, como indica as pesquisas da Embrapa, prejudicou essa questão.
De acordo com os números da safra passada, a soja brasileira trabalha hoje com uma média de 37% de proteína no grão, dependendo do ano, das condições ambientais e das condições de manejo. Oliveira salienta que existem alguns cultivares que possuem tanto propriedade quanto proteína elevados, mas que, no geral, a proporção se faz presente.
Contudo, o número de proteína encontrada por hectare não está caindo. Assim, deve-se esmagar mais grãos para conseguir a mesma quantidade de proteína, gerando um custo maior para a indústria.
Ele aponta que um pagamento por proteína seria ideal, mas que o país possui problemas de armazenamento que fariam com que essa questão não fosse efetiva. Para o pesquisador, poucos players teriam condição de trabalhar desta maneira no dia de hoje.
A Embrapa também alerta para que não sejam lançados materiais genéticos no mercado com baixo teor de proteína.