Rabobank projeta soja entre US$ 9,80 e US$ 10,00 na média de 2018 e milho com preços até 10% maiores em relação ao ano passado
Victor Ikeda, analista de grãos do Rabobank, conversou com o Notícias Agrícolas nesta terça-feira (16) para destacar as previsões para o ano de 2018 relativas à produção de soja e milho no Brasil.
Anteriormente, o Rabobank havia divulgado uma projeção de 107 milhões de toneladas para a soja. Contudo, essa previsão foi revisada após a regularização das chuvas em dezembro em boa parte do país, excetuando os problemas pontuais como o veranico no Rio Grande do Sul. Desta forma, a nova projeção é de 110 milhões de toneladas - não seria uma safra recorde, mas seria a segunda maior da história do país.
Com os problemas na safra argentina, os preços tendem a se aproximar dos US$10/bushel ao longo do ano. O Rabobank também adiciona como fator importante para este cenário a leve redução de produção que está prevista para a próxima safra dos Estados Unidos.
O consumo mundial, por sua vez, segue de maneira crescente. O que dá volatilidade para o mercado é a oferta, como lembra Ikeda. A China vem consumindo mais carne e, consequentemente, conta com uma maior produção de ração, para a qual o farelo de soja é extremamente utilizado. 80% da demanda adicional da China nos próximos dez anos, segundo os estudos do Rabobank, deve vir do Brasil, que tem potencial para expandir sua produção sobre 70 milhões de hectares agricultáveis de pastagens degradadas.
Por outro lado, a mistura mandatória do biodiesel no diesel brasileiro a partir desde ano também deve impulsionar a demanda interna.
Milho
Para o milho, o Rabobank acredita em uma manutenção de área, mesmo com um possível atraso do milho safrinha. O que deve diminuir é a produtividade, já que os produtores podem optar por redução de tecnologia. Desta forma, a projeção é de uma safra de 88 milhões de toneladas, 10% menor do que em 2016/17. O consumo está estimado em 58 milhões de toneladas.
As exportações do cereal tendem a ser mantidas em 30 milhões de toneladas. O milho brasileiro está competitivo no mercado internacional e os estoques podem ser menores ao final da safra, o que indica preços mais elevados para 2017/18.
A dica de Ikeda é que os produtores não trabalhem especulando com preços e, sim, voltados para a margem. Em uma safra recheada de cautelas, a margem de erro pode ficar menor.
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