Apesar de relatório baixista do USDA, preços da soja em Chicago encerram em alta com clima e demanda motivando negócios
Apesar de um relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trazendo um aumento dos estoques finais, o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) apresenta um movimento positivo para os preços no fechamento desta sexta-feira (9).
O analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex Group, em Genebra, lembra que o mercado já tem seis dias de encerramento em alta. De acordo com um gráfico demonstrado por ele, o contrato julho/17 ainda é o driver do mercado, mas a partir da próxima semana, novembro/17 deve passar a cumprir essa função.
Houve um movimento de queda até os US$9,10/bushel. Entretanto, essa queda foi devolvida. Hoje, este contrato está rompendo a terceira correção, subindo 20 pontos. Biegai lembra que, na segunda-feira, ele havia destacado que este movimento seria necessário para o mercado mudar de tendência.
O relatório do USDA para a soja, acima das expectativas do mercado, aumentou o número de estoques e não aumentando o número de exportações. A CBOT caiu 10 pontos na hora em que o relatório foi liberado, mas começou a subir novamente logo após.
O motivo da alta, segundo o analista, é o risco climático e o elevado consumo chinês, que culminou em 20% a mais de exportações em relação ao ano passado no concentrado do ano. Ele acredita que o volume será maior do que no ano passado, mas acha difícil que esses 20% sejam mantidos até dezembro.
Há tempo seco previsto para os próximos dias em algumas regiões produtoras dos Estados Unidos, com precipitações bastante fracas. O Meio Oeste americano consegue aguentar 10 a 15 dias sem chuvas, mas após este período, pode haver complicações para o desenvolvimento do plantio.
O aumento de consumo não se dá apenas na China. Outros players asiáticos também entram no mercado comprando soja, sendo que também há uma grande demanda por soja convencional.
No Brasil, as negociações caminharam relativamente bem. No Porto de Paranaguá, sairam negócios em torno de R$70,5 a R$71. Os produtores aproveitaram para vender com Chicago em alta e dólar apresentando patamares remuneradores em alguns momentos. Na semana, Biegai aponta que foram negociadas entre 500 a 700 mil toneladas.
Para a próxima semana, caso a demanda chinesa continue boa e não ocorra nenhum evento com um disparo muito alto do dólar no Brasil, as cotações podem chegar a US$9,60/bushel.