Soja tem forte queda em Chicago com novas especulações sobre migração de área de milho para soja nos EUA

Publicado em 26/05/2017 17:18
Clima chuvoso atrapalha evolução de plantio do milho nos EUA e gera expectativa de migração de área para soja
Confira a entrevista com Camilo Motter - Granoeste Corretora de Cereais

A sexta-feira (26) foi um dia negativo para o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT), enquanto o milho segue em alta. Para a soja, o recuo foi de dois dígitos nos principais vencimentos.

O analista de mercado Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, aponta que o dia de hoje foi relativamente furioso, mas que é comum dessa fase final de plantio do Meio Oeste americano. O milho possui uma necessidade maior de cumprir o plantio rapidamente, mas a soja tem uma janela maior - assim, há o temor de que algumas áreas de milho possam passar para a área de soja.

Portanto, além dos 4% de área de milho que iria passar para a soja, como previsto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), pode haver ainda uma transferência adicional de área.

O último relatório de plantio de milho do USDA mostrou uma área plantada de mais de 80% para o cereal americano. Até a terça-feira, quando será divulgado o novo relatório, muitas tensões tomarão conta do mercado, embora os números estejam dentro da média histórica. Motter acredita que o próximo relatório pode trazer até 95% de área plantada, mas pode haver um percentual de 3% a 4% a ser transferido para a soja.

Na prática, a migração de milho para a soja é possível de acontecer, mas o momento é mais especulativo do que certeiro neste momento. Entretanto, entre 1% a 2% é natural que ocorra, mas estes dados serão divulgados apenas no próximo dia 30 de junho.

Para Motter, o mercado entra em um período de muita volatilidade, tornando o cenário difícil de ter uma tendência traçada. Ele lembra que estamos vindo de quatro temporadas de acréscimo nos estoques, mas neste ano deve haver um estoque menor para o milho, enquanto a soja deve entrar em seu quinto ano de estoques altos.

No mercado interno, os preços em vigor hoje voltam ao período anterior da instabilidade política da última semana, além de uma queda parcial do câmbio. Motter lembra, no entanto, que ainda há um câmbio um pouco mais remunerador, mas que os preços em queda na CBOT não auxiliam na formação dos preços.

Hoje, nos portos, com prazos alongados, os preços giram em torno de R$69 a R$69,50. No Oeste do Paraná, os preços estão entre R$61 a R$62, o que retrai as vendas por parte dos produtores.

O mercado climático e sua volatilidade no mercado devem continuar influenciando nas cotações. Mas tudo vai depender da intensidade deste clima e dos efeitos para a safra americana para que cotações mais altistas apareçam no mercado. A demanda, por sua vez, sofre uma queda devido a menores margens de esmagamento na China.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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