Com retração vendedora no Brasil, China investe em compras de soja para julho e agosto nos EUA e surpreende Chicago

Publicado em 19/04/2017 17:30
Com preços competitivos, soja americana atrai compradores chineses e preços reagem em Chicago
Confira a entrevista de Jack Scoville - Analista da Price Futures Group

Na contramão das outras commodities, o mercado da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) encerrou a quarta-feira (19) de forma positiva, com o primeiro vencimento voltando para os patamares dos US$9,50/bushel.

De acordo com Jack Scoville, analista de mercado da Price Futures Group, há dois fatores importantes em jogo neste mercado: o plantio da nova safra americana e, em principal, uma demanda maior por parte dos chineses pela soja americana, algo incomum para esta época do ano.

A compra dos chineses nos Estados Unidos é motivada pela falta de venda dos produtores do Brasil e da Argentina, que resistem aos preços baixos. Segundo Scoville, esse movimento surpreende, pois normalmente, nesssa época, o Brasil já estaria com um bom ritmo de vendas. O fator, por sua vez, pode ser benéfico para sustentar os preços na CBOT.

Mesmo se essa demanda continuar, os preços ainda continuam limitados, no entanto, pela grande oferta de soja disponível a nível mundial. Para Scoville, US$9,85/bushel pode ser uma possibilidade, com preço máximo de US$9,95/bushel em função da demanda fora de época pela soja norte-americana.

Scoville aponta ainda que os preços da soja se sustentaram, mesmo com a queda do petróleo, muito em função da interrupção de compras do biodiesel argentino para os americanos,  o que puxou os preços do óleo de soja.

A grande surpresa, neste momento, é que o milho não está seguindo o ritmo de plantio adequado por conta das chuvas, o que deve elevar o preço do cereal, estável no dia de hoje.

Já há vendas futuras de soja ocorrendo para a próxima safra americana. Scoville aconselha os produtores americanos a venderem a futuro na primeira oportunidade de preço acima dos US$10/bushel, já que há um temor generalizado relacionado a preços em US$8,50/bushel, como já ocorreu anteriormente. US$10/bushel é um valor remunerador para os produtores americanos, como lembra o analista.

AGResources: demanda maior chinesa colocou suporte aos preços em Chicago

A China reduziu a taxa VAT (imposto sobre consumo) de 13% para 11% nas importações agrícolas e para gás natural. A mudança é vista como uma ajuda às margens de importação do país.

Nossos contatos na China têm aumentado as estimativas de importação da soja no país para 2016/17, agora entre 90-91 MTs (estimado em 88 MTs pelo USDA).

Este aumento da demanda não irá absorver os estoques mundiais em níveis recordes (total de 87 MTs de soja), entretanto, o aumento deverá ser focado em compras do grão sul-americano. Que agora está no período ideal de exportação. |

A especulação sobre a possibilidade de uma demanda maior chinesa colocou suporte aos preços em Chicago. |

No Brasil, o atual Governo enfrenta dificuldades e pouco apoio político para aprovar a Reforma da Previdência. As especulações políticas trazem a alta do Dólar frente ao Real. |

Depois de um começo de ano lento, as exportações de farelo de soja do Brasil aceleraram neste mês. Estimamos que durante abril poderão serem embarcadas 1,6 MTs, similar a 2016.

Tags:

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas + AGresources

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja despenca em Chicago, mas na sequência mercado pode voltar a ficar lateralizado
Soja desaba 4% nesta 6ª feira em Chicago, acompanhando perdas agressivas do óleo, farelo e grãos
Soja, derivados e grãos despencam em Chicago nesta tarde de 6ª feira; soja devolve o que subiu na semana
Soja: Mercado em Chicago recua nesta manhã de 6ª, devolvendo parte dos ganhos da sessão anterior
Alta do farelo com ameaça de greve na Argentina e clima seco nos EUA estimulam cobertura de fundos e soja reage em Chicago
Soja volta a subir em Chicago, intensifica os ganhos e acompanha avanço de mais de 2% do farelo