Consultoria estima perdas de 5 milhões de toneladas de soja na Argentina e prejuízos podem ser maiores
Na Argentina, o clima tem prejudicado a safra de grãos, com intensos volumes de chuva que causam inundações na zona núcleo produtora do país. Os analistas de mercado já começam a apontar as condições de preocupação que fazem os preços da soja subirem em Chicago.
De acordo com Pablo Adreani, consultor da AgriPAC, a situação está muito complicada no país. Até o momento, a zona núcleo já recebeu, no acumulado, mais de 400mm de chuvas nos últimos 30 dias, o que representa 40% a 50% da média de chuvas para todo o ano.
As principais regiões atingidas são o sul e o centro de Santa Fe, o oeste de Buenos Aires e o sudeste de Córdoba. A soja de primeira e segunda etapa de plantio atravessa uma situação complicada, com muitos plantios inundados e uma área de 2 milhões de hectares ainda sem plantar. Se não houver condições climáticas melhores para os próximos dias, será difícil de cumprir esse plantio, como avalia o consultor. Ele lembra que a cultura da soja sofre mais do que a cultura do milho por ser mais baixa.
Sem considerar a área ainda não plantada, as perdas podem chegar a 5 milhões de toneladas, caso o clima se normalize a partir de agora. Mas se esses hectares que não estão plantados não cheguem a receber soja, a Argentina poderá ter uma redução de até 7 milhões de toneladas na estimativa para a safra, que é de 55 milhões de toneladas. Um aumento da safra de soja no Brasil, conforme estimou a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), pode compensar em parte a perda, mas um ganho de 1,5 milhões de toneladas no Brasil em relação às primeiras projeções, não é suficiente para cobrir o buraco argentino - além disso, o Matopiba ainda possui situação indefinida a respeito da safra de soja.
Com isso, as comercializações na Argentina estão paradas, de acordo com Pablo. Até que o clima não melhore, o produtor não deve vender . Ele destaca que o mercado internacional ainda não tem consciência da gravidade da safra na Argentina, uma vez que ainda não reflete totalmente a situação nos preços. Pablo acredita que, daqui para a frente, o mercado tem mais a subir do que abaixar os preços mundiais.
O volume de venda da soja da nova safra na Argentina está entre 3 a 4 milhões de toneladas. A maior parte do volume foi vendida antes das chuvas.
O consultor aponta que uma visão mais clara do que será a produção na Argentina deverá vir a partir de 20 de janeiro. "Se vier um bom clima, os produtores poderão ter esperanças", destaca.
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