Soja recua em Chicago com a volta das chuvas às regiões produtoras da América do Sul, mas demanda forte sustenta os US$10,00
Podcast
Preços recuam forte em Chicago com as chuvas de volta às regiões produtoras da América do Sul.
Nesta segunda-feira (19), o mercado da soja teve um dia negativo na Bolsa de Chicago (CBOT), com quedas nas cotações em torno dos 15 pontos nos principais vencimentos.
De acordo com o analista de mercado Flavio França Jr., a queda foi classificada como decorrência do clima. Do lado do consumo, houveram algumas vendas novas nos Estados Unidos - embora o relatório de embarques tenha sido relativamente neutro, foi um bom dia de demanda.
A questão climática tem peso principalmente na Argentina, que recebeu chuvas no último final de semana nas áreas afetadas pela seca, sobretudo na zona núcleo, importante região produtora. Mais chuvas devem vir para essa área nesta semana, o que deve beneficiar ainda o Rio Grande do Sul, no Brasil, o que tira do mercado o prêmio climático.
No curto prazo, nesta semana, se as notícias de chuva se confirmarem, poderá vir um pouco mais de pressão para o mercado, mas não deve haver uma tendência de queda. Fatores como a demanda forte e a atuação do La Niña ainda podem trazer elementos para o mercado até a safra se definir.
Os derivados também são fontes importantes de sustentação dos preços do grão. A queda da produção do óleo de palma na Malásia e na Indonésia impusiona o óleo de soja, enquanto o farelo é sustentado pela demanda aquecida em cima do crescimento do mercado de carnes.
O momento da China também tende a continuar. Mesmo que o ritmo de crescimento chinês mude de padrão, sendo possível que, nos próximos anos, a demanda caia, os números ainda devem continuar altos. O consumo, por sua vez, está sólido e tende a continuar assim.
Um fator limitante de altas pode ser a confirmação de uma safra sul-americana cheia. A diferença também pode vir em um novo padrão de taxa de câmbio no país.
O câmbio, em função da firmeza do dólar, combina juros maiores dos Estados Unidos com expectativa da posse de Donald Trump. No cenário político brasileiro, ainda conturbado, o viés do câmbio é de alta, apesar da entrada de dólar na economia.