Soja em Chicago segue trajetória de alta com demanda forte e precificação de risco climático na safra sulamericana
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Soja em Chicago segue trajetória de alta com demanda forte e início de precificação de risco climático na safra sulamericana
Nesta terça-feira (22), a soja teve mais um dia positivo na Bolsa de Chicago (CBOT), com altas de até 2 dígitos nos principais vencimentos. O vencimento maio já busca os US$10,50/bushel, indicando um movimento de alta para o mercado.
De acordo com João Schaffer, analista da Agrinvest, esse já era um movimento previsto, uma vez que a China não tem soja, o que acarreta em falta de farelo no mercado interno. Este fator torna o país asiático em um comprador agressivo, também à medida em que a alta nas suas bolsas locais impulsiona Chicago.
Os EUA já embarcaram 21 milhões de toneladas de soja nas 12 primeiras semanas de temporada e boa parte dessa demanda tem como destino a China. As estimativas apontam para pelo menos 9 milhões de toneladas do grão em trânsito, nos navios com destino ao país asiático.
A chegada dessa soja na China pode trazer uma diminuição pontual sobre a demanda americana. Mas em breve, as compras voltam e como tradicionalmente acontece, deverá ser trocada pela soja sulamericana, que se encontrará mais vantajosa no período da colheita brasileira, a partir de fevereiro. Hoje os negócios fechados para o início de 2017 mostram que a soja brasileira colocada nos portos chineses tem maior competitividade que a americana, segundo apurou o analista da Agrinvest. Para fevereiro, considerando o preço em Chicago mais os custos , a soja brasileira chegaria na China a US$11,53/bushel, enquanto nesse mesmo período a soja americana custaria US$11,79/bushel para os chineses.
A CBOT também reflete a realidade do sul do Brasil e da Argentina, que enfrentam problemas climáticos neste momento, gerando uma instabilidade sobre a situação da soja nessas localidades.
Por outro lado, se o fator cambial manter o dólar em alta frente ao real, este é outro motivo que dará sustentação para as vendas sul-americanas, com competitividade maior.
No Brasil, o movimento de comercialização ainda se encontra enfraquecido, mas o analista lembra que dias como o de hoje são "interessantes", com patamares expressivos na CBOT e dólar estável. Ele aconselha os produtores a ficarem atentos ao mercado de clima e também nas questões cambiais, "que auxiliam e transformam um preço de venda para o produtor brasileiro".