Semana com Ação de Graças nos EUA , demanda forte pela soja americana e dólar em baixa dão sustentação às altas em Chicago
Nesta segunda-feira (21), a Bolsa de Chicago (CBOT) trouxe um dia bastante positivo para a soja, com altas de até 27 pontos em alguns vencimentos. O vencimento janeiro chegou acima dos US$10,20/bushel e maio, acima dos US$10,30/bushel.
De acordo com o analista Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mercado mostra uma alta sustentável, à medida em que os embarques americanos se consolidam, sem cancelamento de compras, garantindo a demanda. Por outro lado, esta semana é mais curta nos Estados Unidos devido ao feriado do Dia de Ação de Graças na quinta-feira (24) e do meio pregão na sexta (25).
Antigamente, o feriado era marcado pela comemoração do final da colheita, mas continua sendo um feriado tradicionalmente positivo para o mercado. Neste momento, os produtores americanos também começam a segurar as vendas novamente, o que pode dar fôlego para novas altas na semana, gerando um alerta para os produtores brasileiros que pretendem fazer vendas futuras. "Poderá haver oportunidades nos próximos dias", diz o analista.
O Brasil, por sua vez, possui atraso na comercialização em relação aos anos anteriores. A recomendação do analista é para os produtores "ficarem espertos" para não vender "na boca da colheita". As novas altas em Chicago foram anuladas pela baixa de 1% do dólar americano frente ao real, mantendo os preços dos portos entre R$82 a R$83 para a safra nova para maio e junho.
Qualquer mudança de Chicago deve abrir oportunidade, portanto, para que os produtores brasileiros façam suas posições. "Se amanhã chicago crescer mais 10% a 15%, o preço estará em R$85 [nos portos], o que torna mais interessante de fazer uma produção", explica.
Para o curto prazo, os produtores americanos também aguardam melhores posições para realizar suas vendas. Para o produtor americano começar a ter margem, segundo Brandalizze, o preço, somado aos prêmios, deveria chegar a partir de US$10,20/bushel - o que exige um patamar de US$10,70/bushel em Chicago para iniciar as vendas.
A demanda forte deve diminuir seu ritmo na próxima semana, na visão do analista, uma vez que os chineses se encontram muito agressivos no mercado, sendo "difícil acreditar que eles continuem nessa linha".
Na América do Sul, a safra cheia ainda é uma incógnita. Nos últimos 5 anos houveram perdas de safra, então Brandalizze aponta que o comprador chinês segue o histórico e não vê o otimismo inicial. A Argentina se recupera após atrasos no plantio, mas ainda deverá ter uma redução de área que corresponderá ao aumento no Brasil, mantendo assim a produção inalterada.