Erosão de volta e Ministério Público pronto pra multar o produtor rural do Paraná
Áreas de lavouras no Paraná estão colocando em risco o plantio direto na palha. As curvas em nível e os terraços foram desmanchados para dar espaço para os braços compridos dos pulverizadores e plataformas das colheitadeiras cada vez maiores.
O estado agora enfrenta problemas de erosão e rios públicos, de forma com que o Ministério Público agora está atento para que a lei seja cumprida.
De acordo com Henrique Dibiasi, pesquisador da Embrapa Soja, o agravamento desses problemas traz prejuízos tanto para o produtor quanto para a sociedade. Ele lembra que o sistema de produção no Paraná como um todo - com soja e milho segunda safra - não proporciona um bom cenário, uma vez que a quantidade de palha não é suficiente para que haja uma adequada infiltração de água no solo. "A água que não inflitra vai escoar e, não tendo uma barreira, vai causar todos os problemas que nós estamos observando", diz.
O pesquisador aconselha os produtores a se atentarem, portanto, à diversificação da produção, colocando culturas que produzam raiz e palha. Segundo ele, a situação se agrava desde 2008. O tamanho das máquinas também consta como fator prejudicial para esse sistema.
Ele conta que alguns produtores já realizam a readequação em seus solos com ações de mitigação desses problemas, obtendo bons resultados. Medidas como curvas em nível e terraços de base larga podem acrescentar mais área produtiva no terreno - de 2% a 3% na área cultivada, dependendo da topografia. Além de conservar o solo e a água que deixa escoar, essa medida também deve servir como reserva para a cultura nos períodos de veranico.
Também é preciso haver uma boa cobertura de solo. "Se tiver 100% de área de cobertura, o impacto não vai causar crosta e vai permitir que a água inflitre", explica. "É preciso todo um manejo para que o solo não se compacte". Um bom manejo do solo pode aumentar a produtividade em 30%.
As entidades do setor estão em conversa com o Ministério Público para que haja um período de cinco anos para que o produtor possa se recompor e recuperar as suas áreas, antes que seja cobrada uma multa.
A Embrapa Soja apurou, após trabalho em recomposição de 250 hectares, que o custo para a recuperação dos solos, dependendo da topografia e da necessidade ou não de serviço especializado para realocação dos terraços, deve ficar entre R$230 a R$400 por hectare.
Essa lavoura em Cambé-PR é um retrato do que está acontecendo no estado. As imagens foram feitas por Daniel Olivi