Duas informações que podem ser limitantes para novas altas da soja: eleições no EUA e relatório do USDA

Publicado em 03/11/2016 17:24
Produtor americano avança com a colheita e se vê obrigado a aumentar o ritmo de comercialização por causa da capacidade comprometida para armazenamento da safra recorde
Confira a entrevista de Vlamir Brandalizze - Analista de Mercado

Nesta quinta-feira (3), depois de duas sessões de quedas importantes na soja, a Bolsa de Chicago (CBOT) traz um movimento corretivo para o mercado, uma vez que a semana caminha com vários fatores negativos que influenciam nos preços.

De acordo com o analista de mercado Vlamir Brandalizze, alguns fatores, como o produtor americano vendendo parte da soja porque já encheu os seus silos, ao mesmo tempo em que a safra americana já está 90% colhida e o susto do mercado com as pesquisas das eleições americanas mudando de rumo, com candidatos empatados, começa a pesar sobre as cotações em geral.

Além disso, o Banco Central Americano anunciou que irá manter a taxa de juros nesse mês, mas que deve realizar uma correção de 0,5% em dezembro, o que irá manter o dólar valorizado perante as outras moedas, fato que geralmente é um fator negativo para Chicago, como detalha Brandalizze.

O fator positivo, que sustenta as cotações, é de que a demanda continua forte e não teve desaceleramento em nomvebro. As exportações divulgadas pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que 65,5% do número projetado de exportações para a safra nova já foram vendidos, fator que ajudou o mercado a subir 3 pontos, segundo o analista. O mercado também realiza uma correção de linha técnica, assim como a China também continua em ritmo agressivo de compras dos americanos.

Neste momento, o produtor americano se vê "obrigado a vender" para fazer caixa e também como medida preventiva, já que nas próximas semanas deve começar a nevar em grande parte dos estados. Como os produtores não possuem armazém, o fator do momento não é preço e, sim, necessidade.

A sexta-feira e a próxima segunda também devem ser dias instáveis para o mercado, uma vez que as eleições serão realizadas na próxima terça-feira (8). Brandalizze aponta que o mercado apresenta certo receio em relação à vitória de Donald Trump pelo candidato não possuir apoio do partido Republicano, o que pode trazer falta de apoio também no Congresso Americano, uma vez também que a eleição de Hilary Clinton representa uma estabilidade em relação ao Governo atual. O analista, no entanto, acredita que o movimento instável do mercado em relação a uma possível vitória de Trump deve ser inicial, avaliando que "grandes impactos [com a eleição do empresário] não devem existir".

Por sua vez, ele também lembra que, atualmente, não há quebra de safra e nem fatores econômicos ou políticos que façam os preços em Chicago subirem em grandes patamares, mas que também não há espaço de baixa, por conta dos compradores agressivos. Na próxima semana, o novo relatório do USDA deve trazer um aumento de produção para a safra americana, de "117,5 milhões de toneladas ou um pouco mais", avalia, mas esse fator já foi pré-absorvido pelo mercado.

Os olhos agora estão voltados para a América do Sul. O risco de perda de produtividade e a redução de área na safra poderia ser um fator que ajudaria o mercado de Chicago a crescer. O produtor, diante dessa perspectiva, deve ficar atento e acompanhar os números - e realizar vendas caso seja preciso possuir caixa para o início da colheita. "Agora é hora do plantio. Devemos deixar o mercado correr um pouco mais", diz Brandalizze.

Por: Aleksander Horta e Izadora Pimenta
Fonte: Notícias Agrícolas

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