Demanda forte continua dando sustentação para os preços da soja em Chicago, mesmo diante de safra recorde nos EUA
Nesta quinta-feira (13), o mercado da soja finalizou com alta de cerca de 11 pontos nos vencimentos. O dia é positivo para os preços, mas índices mostram que o volume recorde de 116 milhões de toneladas para a safra americana, divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), não é um fator que faz com que o mercado ceda neste momento.
De acordo com o analista Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, as posições dos compradores, de encontro com a posição do produtor americano de não vender soja nessas margens, fazem com que o mercado fique na média de US$9,50 o bushel. "Os números não conseguem ficar muito tempo abaixo disso porque o mercado se torna muito comprador e os vendedores desaparecem. Logo, o mercado reverte para cima. A janela do mercado está apertada e ele não tem muito fôlego para ir além disso", aponta o analista.
Uma demanda agressiva também freia a queda do mercado, oferecendo suporte. Muitos países asiáticos além da China demandam os grãos, além de África e Europa, que consumem maior volume de ração devido aos problemas climáticos ocorridos nos últimos anos. No entanto, na questão de demanda, "o USDA ainda está bem conservador", diz Brandalizze.
Ao mesmo tempo, o ano não é só bom para a safra americana, mas também aponta para boas perspectivas na América do Sul. No Brasil, o plantio caminha em normalidade. A dúvida é na Argentina, onde a decisão do governo Macri de não reduzir o imposto de exportação faz com que muitos produtores optem por não realizar o plantio da soja. O milho argentino, por sua vez, se encontra em expansão - são 4,9 milhões de hectares contra 3,5 milhões do ano passado, de acordo com a Bolsa de Cereais de Buenos Aires.
Comercialização
No Brasil, os negócios continuam lentos na comercialização da última safra. Alguns negócios saem para a indústria interna, mas, a nível de porto, não estão tendo movimento, segundo o analista. Resta ainda pouco menos de 6% de soja na mão do produtor, sendo que maior parte deste volume está estacionado no Sul do Brasil.
Para a safra nova, os negócios estão parados, mas, em contrapartida, também já foram adiantados em 40% em maio e junho. Os produtores aguardam para negociar no começo do ano que vem, visando melhores preços.