Em Tapurah (MT), altas temperaturas favorecem focos de incêndio nas lavouras de soja
O clima irregular no Mato Grosso além prejudicando o plantio de soja no Estado traz preocupação também com os focos de incêndios. De acordo com relato de produtores, as altas temperaturas e o clima seco têm deixado as lavouras suscetíveis à queimadas.
O presidente do sindicato rural de Tapurah (MT), Silvésio de Oliveira conta que em todo o Estado está ocorrendo focos de incêndio na palhada de lavouras já instaladas. Segundo ele esse é um cenário inédito por conta do clima bastante seco.
"Nós temos relatos em Sinop, Nova Ubiratã e Tapurah, onde havia uma palhada de brachiaria para fazer o plantio direto e há quinze dias o produtor já tinha plantado soja - instalada há 30 dias - aconteceu o incidente que queimou a lavoura", explica Oliveira.
Em um vídeo recebido através do Whatsapp do Notícias Agrícolas, uma lavoura de soja em Sinop pegou fogo e as suspeitas são de que um raio poderia ter iniciado o incêndio. Entre as causas das queimadas, Oliveira destaca também que neste período os produtores realizam menos medidas preventivas, pois a temporada de fogo vai até setembro.
Nas áreas afetadas pelas queimadas os produtores precisaram realizar o replantio da soja, desencadeando custos ainda maiores em um ano já de gastos elevados. "Um replante custa em média 10 sacas de soja por hectare, e a produção neste ano já está fora da janela ideal, então sem dúvida o prejuízo será grande", alerta Oliveira destacando que em casos de incêndio o agricultor também perde a estrutura do solo.
A presença do fenômeno El Niño na safra 2015/16 mexeu como clima em todo o país. No MT as chuvas ocorrem de forma bastante irregulares se diferenciando em um curto espaço. Enquanto que em algumas localidades as lavouras se desenvolvem bem - com precipitações ideais - em outras regiões a chuva não ocorre e prejudica o desenvolvimento da cultura.
Com esse cenário, segundo levantamento do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada) até a última semana a semeadura atingiu 95,6%, estando 2,4% abaixo do percentual alcançado no mesmo período do ano passado. Na comparação com os últimos cinco anos agrícolas, o plantio na safra 2015/16 está ainda mais atrasado 5,9%.
"Além da necessidade de replantio, temos um problema mais grave que é o stand comprometido. Muitas vezes o produtor não fez o replantio, mas não está com o stand adequado, o que também compromete a produção. Então sem dúvida a produção será menor, e o clima pode se estabilizar daqui para frente, ainda sim teremos queda na região", explica Oliveira.
Em Tapurah o rendimento médio das lavouras é de 49 sacas por hectare, mas por conta do clima os produtores já contabilizam uma redução de 3 sc/ha na produtividade (5%), podendo aumentar no decorrer do ciclo.