Aprosoja defende pagamento para pesquisa nacional romper monopólio da biotecnologia

Publicado em 06/11/2015 15:40
Em entrevista exclusiva ao Notícias Agrícolas, Fabrício Morais Rosa, diretor-executivo da Aprosoja BR, explica os motivos da entidade em defender a revisão da Lei de Cultivares, embora isso implique no pagamento de royalties para a semente salva na moega. "O pagamento é inevitável, pois a propriedade da biotecnologia está protegida em Lei (Lei de Propriedade Industrial). Já o produtor, ao salvar sua semente, deverá legalizar esse seu direito (garantido na Lei de Cultivares), através do Anexo 33 sobre a Nota Fiscal. Só que ao fazer isso, o produtor fica obrigado a recolher os royalties cobrados pelas empresas detentoras da biotecnologia, e essas empresas só remuneram os parceiros que reproduzem biotecnologia, deixando de fora os melhoristas (que pesquisam sementes convencionais)". "Corremos o risco, portanto, de ampliarmos o monopólio da biotecnologia em detrimento das pesquisadoras nacionais, que não recebem nada por isso", diz Fabricio. A Aprosoja defende que se forme um fundo que gerenciaria esses royalties (como já acontece na França), e uma parte desse dinheiro seja destinado aos detentores de germoplasma (novos cultivares obtidos a partir de melhoramentos convencionais). Entenda os argumentos da Aprosoja BR nesta entrevista a João Batista Olivi.

Com a ampliação da produção de soja no Brasil, a utilização da biotecnologia também cresceu, sendo uma dos principais produtos a semente de soja Intacta RR2.

Com esse aumento a empresa detentora da tecnologia deve intensificar a fiscalização para a cobrança de royalties na moega das sementes salvas. Segundo o diretor-executivo da Aprosoja BR, Fabrício Rosa de Moraes, "nós últimos anos aumentou muito a participação da Intacta no mercado de sementes, e já está começando a justificar agora o pagamento do 7,5% na moega, inclusive do ponto de vista das traders e das cooperativas", explica.

De acordo com ele a cobrança está garantida pela Lei de Propriedade Industrial. Já os produtores também têm assegurado pela Lei de Cultivares o direito de salvar as sementes, dependendo apenas da legalização junto ao Ministério da Agricultura.

Segundo o jornalista João Batista Olivi, "a cada mil hectares de soja intacta, a receita obtida é de 3 milhões de reais e a cobrança de 7,5% equivale a 230 mil reais por mil hectares aproximadamente", destaca.

O questionamento da Aprosoja é que a receita obtida com o pagamento do royalty é destinada apenas aos parceiros que reproduzem a biotecnologia, deixando de fora os melhorista que pesquisam as sementes convencionais, que também são essenciais para a evolução da cultura no país.

Como solução a Associação propõe que seja criado um fundo de gerenciamento de royalties - como já acontece na França - para que parte da arrecadação seja destinada também aos detentores dos germoplasmas.

"No caso das cultivares convencionais não tem como esse dinheiro entrar novamente na semente salva. E então diminui a quantidade de recurso que está voltando e essas empresas acabam sem condições para desenvolver materiais novos. E cada vez mais aquilo que foi gerado vai entrar na biotecnologia porque pela Lei de Propriedade Industrial elas estão blindadas", explica o diretor.

Atualmente as cultivares convencionais tem mostrado um grande potencial de produtividades e, também são essenciais para realizar o manejo e as áreas de refúgio. Mas devido a essa falta de retorno financeiro, as empresas têm investido cada vez menos neste setor.

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Por: João Batista Olivi e Larissa Albuquerque
Fonte: Notícias Agrícolas

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