Mercado de grãos deve ter um período de alta nos próximos meses, impulsionado pelo dólar valorizado e pelos baixos estoques nos EUA

Publicado em 02/02/2015 09:24
Mercado de grãos deve ter um período de alta nos próximos meses, impulsionado pelo dólar valorizado e pelos baixos estoques nos EUA

O mercado de grãos deve ter um período de alta nos próximos meses, impulsionado pelo dólar valorizado e pelos baixos estoques norte-americanos. Mesmo com uma alta produção nessa safra, a demanda não foi suprida nos Estados Unidos. Os estoques sendo consumidos rapidamente, a tendência de alta é inevitável. “Até a semana passada no relatório de 22 de janeiro, os Estados Unidos estavam com 94% das projeções de exportação do ano, que encerra no final de agosto, já concluídas. Além disso, esse ano tem outro fator positivo que pouca gente está olhando: os cancelamentos chineses que se dão nesse período final de janeiro, fevereiro, quando realocam o recebimento da soja que compraram nos EUA para não pagarem o custo de deixar navios esperando no porto. A questão é que esse ano nós estamos notando que os volumes cancelados são muito pequenos. A semana passada foram 120 mil toneladas, quando o normal, em outros anos, era de 300 mil e até 400 mil toneladas por semana”, disse Vlamir Brandalizze, analista de mercado.

“O panorama da agricultura brasileira é que, com a quebra de safra em torno de 5 milhões de toneladas, vai encurtar o volume exportado do Brasil, porque nós temos demanda crescente aqui dentro e isso vai obrigar os compradores a disputarem mais a soja que vai sobrar no mercado da América do Sul, a partir de março”.

Outro fator determinante no momento é a situação da Ucrânia, que é um grande fornecedor de grãos para o mercado asiático, principalmente milho e trigo. Eles estão com muitas dificuldades de sair com os produtos, porque perderam o porto principal pra Rússia. Como se isso não bastasse, semana passado um grupo de rebeldes estavam tentando tomar o último porto que dá acesso pra Ásia. Se esse ponto for perdido, a Ucrânia não poderá abastecer a China. A tendência é que a partir de março isso se reflita nos preços, quando a China vai ter que buscar novos fornecedores.

Diante desses fatores, a saída é o produtor começar a operar em mercado futuro, tendo parte da sua safra comercializada previamente para pagar os custos da produção. Desse modo, é possível escolher a melhor hora para negociar a outra parte. “Agora vamos entrar no pior momento para se vender soja no Brasil, porque é o pico da colheita, portanto é o pico dos preços dos fretes. Então o produtor tem que fazer a política dele, começar a operar em mercado futuro, se capitalizar melhor pra poder vender em um período mais rentável”.

Vlamir Brandalizze também recomenda que o produtor aguarde mais alguns meses para comercializar a soja. “A gente acredita que quando os americanos venderem toda a safra, o que deve demorar mais umas três ou quatro semanas, vai começar a escassear soja nos EUA juntamente com a entre safra mundial, por isso Chicago vai ter valorizar seus números, que hoje está abaixo de U$ 10. Então o ideal é o produtor aguardar um pouco até abril ou maio para os preços subirem e ele ser mais bem recompensado”.

Por: Lucas Mayer

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