IPCA inicia 2023 em alta com pressão de alimentos e combustíveis

Publicado em 09/02/2023 09:08 e atualizado em 09/02/2023 09:54

Por Luana Maria Benedito

(Reuters) - A inflação brasileira desacelerou em janeiro frente ao mês anterior, mas os preços de alimentos e combustíveis continuaram pesando no bolso do consumidor no início de 2023, mantendo o Banco Central sob pressão em meio a ataques do governo ao nível de juros no país e à condução da política monetária.

Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,53%, desacelerando depois de ter avançado 0,62% em dezembro, mostraram os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

Isso levou o índice a acumular em 12 meses até janeiro alta de 5,77%. A meta para a inflação este ano é de 3,25%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA.

As expectativas de analistas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,57% no mês e de 5,80% no acumulado em 12 meses.

Em 2022, a inflação medida pelo IPCA fechou com avanço acumulado de 5,79%, influenciada principalmente por alimentação, e a pressão agora é para que volte a ficar dentro da banda de tolerância.

Na semana passada, o Banco Central manteve a taxa básica de juros Selic em 13,75% e ressaltou que a incerteza fiscal e a deterioração nas expectativas de inflação do mercado elevam o custo para que a autoridade monetária atinja suas metas.

Depois disso, voltou a ser alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reclamou do nível da Selic e tratou a independência formal da autarquia como “bobagem”, além de questionar se a meta de inflação não está baixa demais, forçando uma deterioração da atividade econômica.

Em meio a isso, na ata de sua última reunião o BC fez um aceno ao pacote de medidas fiscais apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O IPCA sofreu em janeiro o impacto do grupo Alimentação e bebidas, que avançou 0,59%, contribuindo com 0,13 ponto percentual para a alta do índice geral. Ainda assim, esse segmento desacelerou o avanço em relação à taxa de 0,66% vista em dezembro.

Os alimentos tiveram grande influência dos subitens batata-inglesa e cenoura, que saltaram 14,14% e 17,55%, respectivamente.

"As altas nesses dois casos se explicam pela grande quantidade de chuvas nas regiões produtoras. Por outro lado, observamos queda de 22,68% no preço da cebola, por conta da maior oferta vindo das regiões Nordeste e Sul, item que teve alta de mais de 130% em 2022", disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

O grupo Transportes exerceu o segundo maior impacto positivo sobre o IPCA em janeiro, acelerando a alta para 0,55%, frente a 0,21% no mês anterior, e contribuindo com 0,11 ponto percentual para o índice geral. Os combustíveis tiveram alta de 0,68%, puxados pelo aumento nos preços da gasolina (0,83%) e do etanol (0,72%).

Dos nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA, apenas Vestuário apresentou variação negativa em janeiro, de 0,27%.

"Cabe registrar que foi a primeira queda no grupo após 23 meses seguidos de altas, com a última retração tendo sido registrada em janeiro de 2021. O recuo em janeiro de 2023 se deve ao fato de várias lojas terem aplicado descontos sobre os preços que foram praticados em dezembro, para o Natal", explicou Kislanov.

O BC piorou suas estimativas para a inflação e informou que, em seu cenário de referência, as estimativas para a inflação estão em 5,6% para 2023 (contra 5,0% na reunião anterior) e 3,4% em 2024 (ante 3,0%).

Pesquisa Focus realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa do mercado é de que a inflação encerre este ano a 5,78% e 2024 a 3,93%.

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Brasil e EUA farão anúncio sobre aproximação em transformação ecológica, diz Haddad
S&P e Nasdaq fecham nos menores níveis em várias semanas pressionados por Tesla e Alphabet
Dólar fecha no 2º maior valor do ano em mais um dia de pressão para emergentes
Ibovespa tem queda discreta com petroleiras atenuando pressão de Wall St
Taxas de juros futuros voltam a subir com alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries
Receita do setor de mineração do Brasil cresce 8% no 1º semestre