Cerco a Bolsonaro não terá trégua; após a saída de Ernesto Araujo, a pressão será no Meio Ambiente
Bolsonaro pede que ministro da Defesa entregue cargo
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro pediu o cargo do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, em um movimento que deve dar início a uma reforma ministerial que inclui mudanças na Casa Civil e na articulação política do governo.
De acordo com duas fontes ouvidas pela Reuters, o presidente decidiu pedir o cargo de Azevedo e Silva, em uma rápida reunião no início da tarde desta segunda. A demissão foi comunicada pelo próprio ministro em uma nota.
"Agradeço ao presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao país, como ministro de Estado da Defesa", afirmou Azevedo na nota oficial. "Saio na certeza da missão cumprida", acrescentou.
O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre a troca na Defesa e nem outras que devem ser anunciadas em breve.
De acordo com uma fonte palaciana, o atual ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto deve assumir a Defesa. Já a Casa Civil poderá ir para Luiz Eduardo Ramos, atual ministro da Secretaria de Governo, enquanto esse cargo, que faz a articulação política do governo, poderia ir para as mãos de um parlamentar do centrão.
A demissão de Azevedo e Silva pegou parlamentares e mesmo ministros de surpresa. A saída do ministro, no entanto, não é fato isolado e é o início de uma reforma ministerial mais ampla, decidida nas últimas horas por Bolsonaro.
Ao sair de um encontro com Bolsonaro e a bancada de Santa Catarina, o senador Jorginho Mello (PL-SC) disse a jornalistas que o presidente havia dito a eles que trocas ministeriais seriam anunciadas ainda nesta segunda.
"Ele falou que vai fazer uma trocas até hoje à noite e nós vamos ficar sabendo em breve", disse o senador.
O dia começou com o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que ainda não foi oficialmente aceito pelo presidente. De acordo com uma fonte, Bolsonaro pretende ter o nome de seu substituto antes de fazer o anúncio das trocas.
Ministro da Defesa deixa cargo horas depois de Ernesto Araújo
É a 2ª baixa desta 2ª feira; Pasta divulgou comunicado (no Poder360)
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, anunciou a saída do governo Bolsonaro nesta 2ª feira (29.mar.2021). É a 2ª baixa na equipe de ministros no mesmo dia. Mais cedo, Ernesto Araújo pediu para sair da chefia do Ministério das Relações Exteriores.
“Agradeço ao Presidente da República, a quem dediquei total lealdade ao longo desses mais de dois anos, a oportunidade de ter servido ao País, como Ministro de Estado da Defesa. Nesse período, preservei as Forças Armadas como instituições de Estado. O meu reconhecimento e gratidão aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, e suas respectivas forças, que nunca mediram esforços para atender às necessidades e emergências da população brasileira. Saio na certeza da missão cumprida” , escreveu Azevedo em nota oficial divulgada à imprensa (íntegra – 381 KB).
Azevedo e Silva teve reunião com o presidente Jair Bolsonaro às 14h, no Palácio do Planalto. Divulgou o comunicado logo depois. A exoneração ainda não foi publicada no DOU (Diário Oficial da União). Até a última atualização desta reportagem, o nome do substituto não havia sido divulgado.
ANIVERSÁRIO DO GOLPE
A saída do ministro da Defesa acontece às vésperas do aniversário do golpe militar de 1964, no dia 31 de março. Nesta data, completam-se 57 anos desde que o Congresso Nacional depôs o então presidente João Goulart e uma junta militar assumiu o poder, dando início ao período ditatorial que perduraria por 20 anos no país.
Em 17 de março, o TRF-5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região) decidiu que o Exército poderia realizar comemorações alusivas ao golpe. A decisão foi uma vitória para Bolsonaro, que pretendia realizar atos alusivos à data.
Em 2020, o Ministério da Defesa publicou no site institucional a “Ordem do Dia Alusiva ao 31 de Março de 1964″. O comunicado celebrava a efeméride e dizia que aquele dia era considerado como um “marco para a democracia brasileira”.
17ª SUBSTITUIÇÃO
A saída de Azevedo e Silva fez o governo do presidente Jair Bolsonaro chegar à marca de 17 ministros substituídos do cargo para o qual foram inicialmente nomeados. Esta é a 1ª mudança na pasta, já que Azevedo e Silva tomou posse no 1º dia da gestão, em janeiro de 2019, e estava intocado até então.
Dança das cadeiras: Bolsonaro também vai trocar também ministro da AGU
Levi é outro que pode deixar cargo; Ernesto Araújo e Azevedo e Silva saíram (no Poder360)
Levi tem boa relação com o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de quem o Planalto e bolsonaristas nunca fizeram bom juízo. O presidente tampouco achou o trabalho do advogado-geral excepcional e vai aproveitar o momento para pedir o cargo.
O Poder360 apurou que André Mendonça, atual ministro da Justiça e Segurança Pública pode retornar à AGU. O nome, no entanto, ainda não é confirmado. Caso assuma o posto, deverá ficar no cargo até uma eventual indicação para uma vaga no STF. Neste ano, o ministro Marco Aurélio irá se aposentar, abrindo espaço para uma nova nomeação de Bolsonaro.
OUTRAS SAÍDAS
Apenas nesta 2ª feira (29.mar.2021), Bolsonaro perdeu 2 ministros. No começo da tarde, o titular do Itamaraty, Ernesto Araújo, anunciou a saída do cargo, depois de sofrer pressão de congressistas pela má gestão diplomática do Brasil na compra de vacinas e insumos para o combate à pandemia.
Horas depois, foi a vez de Fernando Azevedo e Silva, do Ministério da Defesa, divulgar que deixaria a pasta. Diferente de Araújo, ele não era alvo de nenhuma manifestação contrária à continuidade dele no cargo.
Os nomes dos substitutos de todos os ministros ainda não foram oficialmente divulgados. O Poder360 apurou que deve ser feita uma dança de cadeiras na Esplanada dos Ministérios. O ministro da Casa Civil, general Walter Souza Braga Netto, deve ser o novo titular do Ministério da Defesa.
Para a Casa Civil, iria o general Luiz Eduardo Ramos, hoje chefe da Secretaria de Governo e responsável pela articulação política do Planalto com o Congresso.
Agora, Bolsonaro busca um nome político para o lugar de Ramos e assim tentar melhorar a relação com o Poder Legislativo. O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) é um dos cotados para a vaga de Ramos.